por Paulo Diniz
(publicado na edição de 21/08/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)
O
cenário político em Belo Horizonte é, hoje, incomum: com 12 candidaturas
confirmadas pelas conferências partidárias, e uma já abortada, o contraste em
relação aos pleitos recentes é nítido. Antes, havia disputa entre blocos
nítidos de poder, já hoje a fragmentação é regra. Mais do que isso, a nova
legislação eleitoral impõe obstáculos adicionais aos candidatos: campanha mais
curta, limitações à propaganda eleitoral gratuita e restrições às doações são
os mais evidentes. Acostumados a pedir votos com ajuda de grandes veículos de
mídia, plataformas de comunicação de massa e orçamentos vultuosos, os
candidatos ao posto maior do Executivo local encaram agora o desconhecido.
A
aposta nas redes sociais tem se destacado como preferência de alguns candidatos,
sobretudo através de vídeos de curta duração. Mas é preciso notar, entretanto,
a ausência de importantes nomes na utilização desse expediente, o que indica
que sua escolha não é consenso.
O
desafio de se alcançar o eleitor, o mais tradicional da democracia, persiste.
As lições para superá-lo podem vir de onde a política eleitoral preserva suas
características mais vivas: as pequenas cidades. Nesses colégios eleitorais,
que contam com poucos milhares de eleitores, os principais fatores para a
conquista do voto são a confiança e o contato pessoal, ambos intimamente
vinculados. Votar, e mais do que isso, confiar em um desconhecido estão
praticamente fora de questão nesse ambiente; esse obstáculo só se contorna
quando o candidato forasteiro é endossado pessoalmente por alguma liderança já
respeitada pela comunidade. Assim, mídias sociais e propaganda eleitoral
gratuita podem até contribuir para reforçar atributos do candidato, porém com
certeza não são decisivos na hora de conquistar votos.
Para
reproduzir tal dinâmica nas grandes cidades, primeiro será demandado um
incrível esforço físico dos candidatos a prefeito, movimentando-se para
encontrar pessoalmente o maior número possível de eleitores, em uma estratégia
para fomentar a confiança interpessoal. Porém, nem mesmo os mais dispostos
seriam capazes de se encontrar pessoalmente com centenas de milhares de pessoas
em pouco mais de dois meses, quanto mais de conquistar o respeito e admiração
desses.
O
caminho mais viável, portanto, seria o de fazer uso da capilaridade típica das
campanhas para o Legislativo municipal, contando com o apoio massivo de
vereadores em busca de reeleição e das centenas de outros candidatos para esse
posto. Uma vez que, nem sempre as coligações partidárias para o Legislativo são
construídas ou mantidas com rígida observância aos acordos partidários formais,
é possível prever que seriam então as articulações pessoais de cada candidato a
prefeito as responsáveis por uma campanha eleitoral de sucesso.
Quem
souber se coligar, portanto, terá vantagem significativa na campanha atual. Já
os candidatos a prefeito que se fiarem apenas em instrumentos de campanha
massificados ou estruturas partidárias, podem ser negativamente surpreendidos.
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