por Paulo Diniz
(publicado na edição de 28/12/2012 do Correio de Uberlândia - Uberlândia, Minas Gerais -, na edição de 26/12/2012 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais -, na edição de 22/12/2012 do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais - e na edição de 05/01/2013 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais)
A crônica política nacional tem abordado, de forma
parcial e fracionada, os grandes acontecimentos de 2012 que exerceram
influência profunda sobre o Partido dos Trabalhadores, agremiação que completa,
dentro de poucos dias, uma década no comando geral da nação. É preciso, assim,
traçar um quadro global, como forma de se prever os obstáculos que tal partido
terá pela frente em 2013.
As eleições municipais, grande aposta petista de
2012, trouxeram resultados decepcionantes nas maiores cidades, sobretudo nas
capitais. São Paulo, cavalo-de-batalha pessoal do ex-presidente Lula, só foi
conquistada mediante a formação de uma coligação emergencial, que dividiu muito
o poder e ressuscitou os combalidos Paulo Maluf e Marta Suplicy. Uma vitória
bastante relativa, pois cria um governo repleto de flancos expostos para os
adversários.
O mais duro golpe, entretanto, vem da condenação dos
principais réus do processo do mensalão, membros históricos do PT e figuras de
maior destaque do primeiro mandato de Lula. Sendo agora impossível relegar o
caso ao campo da fantasia oposicionista, o PT se encontra diante do dilema de
encarar o problema de frente, refundando-se em lideranças e métodos, ou passar
a viver sob o estigma de que é mesmo igual a outro partido qualquer.
Considerando o sempre alardeado ineditismo petista em comparação às demais
agremiações políticas, essa perspectiva equivale ao atestado de óbito de uma
das mais significativas bandeiras do PT.
Também alguns fantasmas pessoais do ex-presidente
Lula têm marcado presença neste final de ano, ameaçando afetar o PT como um
todo. As novas denúncias de Marcos Valério e a rede de corrupção gerenciada
pela Chefe de Gabinete da Presidência atingiram Lula em cheio, algo que se
percebe por seu incomum silêncio. Partido nascido de amplas bases populares, o
PT deve agora refletir se conclui de vez sua metamorfose para a categoria de
agremiação "com dono", como foi o PDT de Leonel Brizola. Permitir que
todo o partido compartilhe a sorte incerta de seu mais ilustre membro vai
levar, certamente, o PT para um 2013 marcado por fortes emoções e, sobretudo,
de parcas chances de sucesso.
Por fim, merecem destaque os índices de popularidade
obtidos recentemente pela presidente Dilma Rousseff, recordes absolutos nas
últimas décadas. A mensagem popular é clara, no sentido de que a população é
mesmo fiel ao desempenho do governo, e não necessariamente ao carisma pessoal
do mandatário. Tímida diante das massas, Dilma tem mostrado resultados que a
colocam como excelente opção político-eleitoral para o Partido dos Trabalhadores,
além de contribuir com a consolidação institucional do partido, pela renovação
de suas lideranças. Apesar de muitos falarem já abertamente sobre o surgimento
de um “novo PT”, a postura das principais lideranças não tem apontado nesse
sentido.
O futuro do PT é, assim, em larga medida, uma questão
das escolhas que serão feitas no corrente fim de ano. Longe do fim do mundo, a
catástrofe petista se desenha mais como uma perspectiva de caudilhismo
sindical, cada vez mais auto-referenciado e estéril.