por Paulo Diniz
(publicado na edição de 24/01/2015 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)
A
queda no preço do barril de petróleo, para níveis que representam apenas 22,7%
dos valores praticados em abril de 2011, tem sido um dos assuntos mais
discutidos nas primeiras semanas de 2016. Além do noticiário econômico, esse
fato também ocupa considerável destaque no meio político, e não apenas nas
manchetes internacionais, mas também na política partidária brasileira. Essa
dinâmica, que levou muitos a batizarem o século XX como a “era do petróleo”,
continua plenamente vigente, o que nos obriga a acompanhar o desempenho do
mercado desse produto para entendermos melhor o mundo em que vivemos. Nesse
sentido, a tendência atual é de maior declínio no valor de mercado do produto,
já que o Irã, um dos maiores produtores mundiais, acaba de ter suspensas as
sanções econômicas impostas contra si pelos europeus e norte-americanos há
vários anos.
No
Brasil, a queda nos preços do petróleo acertou o ponto mais sensível do
governo: a Petrobras. Não bastasse estar sofrendo uma grave crise de
credibilidade, originada na descoberta do rombo de bilhões de dólares feito
pela corrupção governista, a estatal brasileira agora vê suas perspectivas de
recuperação minguarem consideravelmente, uma vez que o mercado tem valorizado
muito pouco o produto básico de sua produção. O valor de mercado da maior
estatal brasileira atinge profundidades abissais, o que fragiliza a ainda mais
imagem da gestão petista devido à forma intensa pela qual essa empresa foi
utilizada pela propaganda oficial nos últimos anos.
A
aposta petista no petróleo começou com Lula, e teve seu maior combustível na
descoberta das reservas localizadas na camada subterrânea do pré-sal, em 2006;
nesse ano, o barril de petróleo circulava entre 59 e 75 dólares no mercado
internacional. Em novembro 2009, quando a cotação do petróleo passava dos 78
dólares, Lula anunciou que o Brasil alcançava “um novo patamar” em termos de
riqueza, e aproveitou a ocasião para criar mais uma empresa estatal,
exclusivamente dedicada ao gerenciamento do pré-sal. O modelo da Petrobras,
portanto, era considerado tão virtuoso, que gerou até uma descendente: a
Petrosal, que nunca perdeu essa alcunha, apesar de carregar um nome oficial
menos simpático. A partir daí, a marca dos 100 dólares por barril foi superada
diversas vezes, como em agosto de 2013, quando a já presidente Dilma publicou o
decreto que regulamentava a criação da Petrosal; o pico de US$ 125, em abril de
2011, levou as ilusões governistas às alturas, juntamente com alguns prefeitos
e governadores, que acreditavam que a bonança nunca acabaria.
Hoje
flutuando abaixo dos 30 dólares, o preço do petróleo indica que a aposta
frustrada do PT cobra seu preço: a Petrobras, joia da coroa dos governos Lula e
Dilma, é vista popularmente como corrupta e incompetente. Essa lembrança é
cotidiana para o brasileiro, assombrado pelos altos preços que encontra quando
vai aos postos de combustíveis, e não há agência publicitária no mundo capaz de
melhorar o humor do cidadão nesse momento.