tag:blogger.com,1999:blog-27185210586488871732024-02-20T17:49:49.986-08:00Panorama GeraisAnálises e tendências da política.Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.comBlogger226125tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-5551341939844441062023-09-24T18:42:00.004-07:002023-09-24T18:42:27.897-07:00Sob nova direção<p> por Paulo Ricardo Diniz Filho</p><p>(publicado na edição de 26/09/2023 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</p><p><br /></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Já
há alguns meses que a imprensa tem constantemente uma pergunta na ponta da
língua quando o assunto é Romeu Zema: será o governador mineiro candidato à
Presidência da República em 2026? A resposta é sempre evasiva, mas nunca a
ponto de colocar uma pedra sobre o assunto. Como ainda estamos distantes de definir
o quadro eleitoral, qualquer resposta do governador já é suficiente.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Porém,
como já dito nesta coluna em outras oportunidades, a política se faz no campo
do óbvio. Qualquer plano secreto, não tem qualquer relevância enquanto permanece
secreto – e assim que começa a ser colocado em prática, está visível aos olhos
de todos. As ações de Zema nos últimos meses têm toda a veemência que falta às
suas palavras. O governador entregou o comando de sua gestão ao vice, Mateus
Simões, e partiu para uma bem planejada trajetória de construção de imagem – de
acordo com os padrões de gosto nacionais, e não mais apenas para paladares
mineiros.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Um
exemplo é a recente viagem a Nova York, no momento que todos os olhos estavam
voltados para a abertura dos trabalhos anuais da Assembleia Geral das Nações
Unidas. Mais do que estar sob os holofotes, Zema em Nova York puxa para si um
pouco das atenções que estão concentradas em Lula – não chega a ofuscar o Presidente,
mas certamente desafia sua hegemonia sobre o noticiário brasileiro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">É
bom lembrar que Zema acabara de retornar de uma quinzena em terras italianas,
onde produziu uma profusão de imagens de dinamismo e sofisticação – além do carismático
encontro com o Papa Francisco. Desconstruir a imagem folclórica do mineiro
introspectivo e pouco ambicioso, pejorativo no imaginário dos brasileiros, é a
importante meta que Zema vem se dedicando a realizar nesse momento de sua
trajetória nacional.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">É
possível medir o compromisso de Zema com sua ambição presidencial a partir do
quanto a gestão mineira assumiu novos contornos em 2023: abertura de espaço no
governo para lideranças da política tradicional, relacionamento estável com o
Legislativo, abertura progressiva em relação às Prefeituras Municipais, além de
vários outros sinais de menor envergadura – como rearranjos no quadro de
lideranças operacionais. Em poucas palavras, a atual gestão mineira é muito
mais política, e menos empresarial, o que indica que Mateus Simões não apenas
ocupa o espaço vago enquanto Zema se ausenta – o vice-governador efetivamente
governa, dando cada vez mais a sua assinatura à atual gestão.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Em
uma leitura ainda temporária e superficial, levando em conta o histórico
administrativo do período 2019-2022, é possível arriscar que esse novo arranjo
governativo representa uma melhoria para Minas Gerais.<o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">De
carreira pública, Matheus Simões dá sinais de que vai aproveitar bem melhor o
potencial da burocracia estadual mineira – de longe, a mais competente e
inovadora do país – assim como dos especialistas em gestão pública do nosso
estado. Àqueles que ascenderam por recitar de cor os slogans superficiais do
primeiro mandato, talvez caiba um espaço no palanque.<o:p></o:p></span></p>Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-34398674432009446932023-08-29T03:48:00.001-07:002023-08-29T03:48:24.731-07:00À prova de argentinos<p> por Paulo Ricardo Diniz Filho</p><p>(publicado na edição de 29 de agosto de 2023 de O Tempo, Belo Horizonte, Minas Gerais)</p><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Impossível não falar de Javier
Milei nas últimas semanas: o candidato a Presidente menos ortodoxo na história argentina
despontou como favorito quando foi o mais votado das prévias eleitorais. Mais
difícil é evitar repetir as obviedades que foram ditas a respeito de Milei: seu
extremismo político, seu plano para implantar o dólar como moeda oficial da
Argentina e até sua preferência pelo esoterismo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Algo que ainda não foi repercutido
no Brasil é que a plataforma econômica de Javier Milei fracassará, deixando a
Argentina na maior crise econômica de todas. Esse prognóstico é feito a partir
da longa entrevista dada pelo economista chefe da equipe de Milei, Emilio
Ocampo, ao canal Todo Notícias.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Ocampo esclareceu vários aspectos
operacionais do plano de dolarização da economia argentina, inclusive em
relação à maneira como essa medida irá impactar a população de baixa renda. De
toda forma, a proposta de Milei e Ocampo é factível, apesar de complexa. O
grande problema reside na conceituação que sustenta todo o projeto.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A dolarização é, em si, apenas uma
ferramenta para conter rapidamente a inflação: retira-se de circulação o peso
argentino – desvalorizado, entre outros motivos, por circular em quantidade
excessiva – e lança-se uma nova moeda, mais valorizada por existir em menor
quantidade. O raciocínio é simplista – pois a inflação pode ter várias origens,
para além do excesso de moeda em circulação – porém, não está incorreto; deve
ser capaz de resolver parte do problema inflacionário. Restará sem solução, por
exemplo, a inflação derivada das distorções dos sistemas produtivo e de
distribuição de mercadorias, assim como a chamada “cultura inflacionária”, que
se define pelo hábito de aplicar mecanismos de correção monetária a todos os
preços.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Esse roteiro não é novidade: o
Brasil já trocou sua moeda diversas vezes para conter a inflação, inclusive
utilizando a URV como moeda de transição, para desacostumar a população da
inflação “cultural”. Por quê, então, Milei e Ocampo não agem assim?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Porque uma nova moeda argentina
também poderia ser manipulada, no futuro, para financiar os excessivos gastos
do Estado. Com a adoção do dólar, apenas emitido pelo governo dos EUA, desapareceria
a possibilidade de emissão de mais dinheiro para cobrir o rombo do orçamento
argentino e, assim, a inflação não ressurgiria.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Em outras palavras, Milei e Ocampo
propõem um plano econômico que seja “à prova de argentinos”: assumem a
incapacidade de seu povo cuidar de si próprio, e pretendem amarrar as próprias
mãos como medida de segurança. Esse fundamento surreal já garante o fracasso da
plataforma econômica de Javier Milei – para não mencionar o plano de cortes dos
gastos públicos, segundo o qual bastaria “eliminar regalias” dos políticos.<o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">É impossível proteger uma sociedade
das consequências das suas escolhas, como se a democracia pudesse funcionar
como um videogame. Inclusive, caso elejam Javier Milei em outubro, não vai
haver proteção aos argentinos contra a pior crise da história.<o:p></o:p></span></p>Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-37486309494832391192023-08-15T06:35:00.005-07:002023-08-15T06:35:44.335-07:00A próxima facada<blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><p style="text-align: right;"> por Paulo Ricardo Diniz Filho</p><p style="text-align: right;">publicado na edição de 15/08/2023 de O Tempo (Belo Horizonte, Minas Gerais)</p></blockquote><p align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: center; text-indent: 42.55pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Desde outubro de 2022, muito se especula sobre o futuro de Jair Bolsonaro e de sua influência na política brasileira. Nessa coluna, já foi dito que os caminhos de Bolsonaro e da direita nacional não precisam mais coincidir, já que essa vertente ideológica pode manter sua força defendendo pautas pontuais que fazem mais sentido para o eleitor conservador do que o culto a um indivíduo específico.</span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Porém, a eminência da prisão de Jair Bolsonaro necessariamente puxa os holofotes sobre o ex-presidente. É um fato novo, que obriga que sejam refeitos muitos cálculos e previsões da política que já pareciam definitivos.</span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Isso se dá porque, quanto mais Bolsonaro é objeto passivo da ação de outros, mais cresce como símbolo, passando a representar tudo aquilo que se espera dele – assim, ganha progressivamente força e popularidade. Já quando age e fala por conta própria, Bolsonaro se perde em brigas por temas menores, desgastando a si mesmo e perdendo capital político.</span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Quando Bolsonaro foi atacado à faca, retirando-se da própria campanha, ele se tornou um símbolo, povoando o imaginário de todos que desejavam mudanças drásticas para o país. Calado, Bolsonaro não podia frustrar as expectativas que eram depositadas sobre ele, e o resultado foi sua vitória.</span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Em contraste com essa dinâmica, temos os episódios nos quais – já presidente – Bolsonaro interagia com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada: sempre com declarações agressivas e polêmicas, ele frustrava continuamente diferentes parcelas da sociedade.</span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">A prisão de Bolsonaro pode ser dada como certa a partir de um cálculo político, e não jurídico. A forma como vêm sendo liberadas para divulgação as informações sobre supostos ilícitos do ex-presidente – de maneira gradual, contínua e com emoção crescente – facilita com que a opinião pública construa sua própria narrativa sobre a culpa de Bolsonaro. Em uma época de informações fartas e compreensão escassa, faz toda diferença que o destino de Bolsonaro seja revelado como em uma novela – aos poucos. Assim, o público já estará familiar com a ideia de prisão do ex-presidente, quando essa efetivamente ocorrer.</span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Contribui com essa construção de narrativa a libertação, nos últimos dias, de dezenas de envolvidos nos atos de oito de janeiro: suaviza a imagem do Judiciário e dos responsáveis pelo processo em questão. Faz mais sentido entender essa sequência de fatos como uma estratégia de comunicação planejada para construir um determinado contexto político, do que como fruto de mero acaso.</span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: normal; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Tendo como certa – até o momento – a prisão de Jair Bolsonaro, é possível supor que ele voltará ao protagonismo na direita. Contido e sem acesso ao discurso, voltará a ser uma folha em branco, na qual diferentes facções da direita escreverão os enredos que acharem mais convenientes – sempre tendo como pano de fundo os valores básicos e justiça e da liberdade. Nessa sequência de discursos passionais, não vai haver lugar para avaliação do mandato ou mesmo para a consideração dos motivos da prisão.</span></p>Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-63767300858429237762023-07-30T20:10:00.001-07:002023-07-30T20:10:18.350-07:00O caso da Flórida<p> por Paulo Ricardo Diniz Filho</p><p>publicado na edição de 1º de agosto de 2023 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais</p><p><br /></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 42.55pt;"><u><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
caso da Flórida<o:p></o:p></span></u></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Considerando
um ponto de vista científico, sempre foi questionável a associação entre a
eleição de Donald Trump nos EUA em 2016 e a vitória de Jair Bolsonaro no Brasil
em 2018. Afinal, é difícil conjecturar que dezenas de milhões de eleitores
brasileiros se inspirem nos EUA no momento de decidir em quem votar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Porém,
tendo em vista as coincidências, é interessante manter um olhar atento sobre o
cenário pré-eleitoral dos EUA. No final de agosto, ocorrerá o primeiro debate
entre os pré-candidatos à Presidência pelo Partido Republicano: nos Estados
Unidos, quem decide as candidaturas definitivas de cada partido são os
eleitores, em votação direta.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
ex-presidente Donald Trump é favorito, clamando por vingança contra a imaginada
fraude eleitoral que o vitimou em 2020 – enfim, traz mais do mesmo. Seu principal
opositor dentro do Partido Republicano, entretanto, é uma figura essencial para
a compreensão dos caminhos futuros da direita ideológica nos EUA – e, quiçá,
também no Brasil. Ron De Santis é governador da Flórida, cumprindo seu segundo
mandato; além de trazer crescimento econômico inédito para seu estado, De
Santis também é responsável pela efetivação de políticas conservadoras que
beiram o extremismo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Fiscalização
do conteúdo dos livros infantis de todas as escolas públicas, banimento da
realização de abortos em gestações de mais de seis semanas, proibição de
atletas trans em competições esportivas: essas são algumas medidas de cunho
conservador que De Santis propôs e conseguiu aprovação junto ao Legislativo
Estadual. Esses são temas extremamente importantes para o eleitorado de direita
nos EUA, e o governador da Flórida mostra realizações concretas nesse sentido.
Ao mesmo tempo, Trump continua seus discursos desconexos e rancorosos nas redes
sociais, em conflito até mesmo com seu próprio legado presidencial.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
sucesso de Ron De Santis é fruto de seu estilo pessoal: meticuloso no planejamento
e agressivo na execução, envolveu-se profundamente nas eleições legislativas,
conseguindo não apenas maioria absoluta, como fidelidade total de sua base de
deputados estaduais. Todo e qualquer espaço de poder foi ocupado por
partidários de De Santis – incluindo conselhos escolares – o que garantiu poder
absoluto ao governador. Políticos republicanos de outros estados já foram à
Flórida para aprender com De Santis seu “estilo de governo”, e isso tem
garantido a ele espaço de sobra na mídia nacional.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Porém,
os apoiadores do Partido Republicano ainda confiam mais na algazarra de Trump
do que na eficiência metódica de De Santis: o ex-presidente tem a preferência
de 52% de seus correligionários, enquanto o governador da Flórida recebe o
apoio de apenas 15% dos eleitores de seu partido em escala nacional.<o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Esse
pequeno panorama pode nos dizer, portanto, que o eleitorado da direita talvez
se guie mais pela aparência do que pelo conteúdo, mais pelo coração do que pela
razão. Se for válida também para o Brasil, essa tendência tem que estar
presente em nosso radar político.<o:p></o:p></span></p>Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-84486153266900115912023-07-29T19:07:00.003-07:002023-07-29T19:07:52.587-07:00Placebo contra a ansiedade<p> por Paulo Ricardo Diniz Filho</p><p>publicado na edição de 25/07/2023 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais</p><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Os conceitos de presente e de futuro se tornaram
bem confusos na modernidade ultra-acelerada na qual vivemos. Planejamento,
previdência, provisionamento e ansiedade nervosa se fundiram em um bloco só –
que atingiu em cheio a mais humana das atividades, a política.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Há pouco mais de dois meses, nessa coluna, apontei que
a campanha eleitoral de 2024 para a Prefeitura de Belo Horizonte já tinha nomes,
grupos e uma dinâmica própria em andamento – como se já estivessem próximas as
convenções partidárias. Carlos Viana e Bruno Engler polarizavam o quadro,
enquanto Duda Salabert e Gabriel Azevedo testavam posturas eleitorais de quando
em vez.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Com esses quatro nomes em voga, já havia
personagens e conteúdo suficiente para uma grande trama eleitoral. O futuro,
então, havia sido antecipado e começava a acontecer.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Porém, o futuro virou passado em poucas semanas, e
agora se desenha um quadro bem mais complexo na disputa pelo comando da capital
mineira – não só pela quantidade de personagens que surgiram, como também pela
densidade política desses novos nomes.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Fuad Noman, atual prefeito de Belo Horizonte, vinha
se mantendo em um grau de discrição que beirava a apatia política, mesmo
enquanto outros já cobiçavam abertamente sua posição. Era razoável pensar, até
mesmo, que Noman não deveria disputar a reeleição – afinal, o comandante da
máquina pública precisa de muito pouco para se manter em evidência, e ainda
assim, o atual prefeito pouco fazia para se mostrar. Agora, esse quadro mudou,
e Fuad se tornou figura fácil nos meios de comunicação. Mais do que isso,
passou a falar como protagonista de propostas e soluções para a cidade – um
requisito indispensável para quem pretende passar pelo teste das urnas.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Outro nome que ressurgiu com força é o de João
Leite, que conta com três campanhas municipais anteriores como reforço natural
de sua imagem. Derrotado no segundo turno em 2000 e em 2016, João Leite já
mostrou ser capaz de ganhar muitos votos e de incorporar as esperanças dos
eleitores – peca pela falta de algum detalhe, nos momentos finais da disputa.
Em um ambiente político já desgastado pelos extremismos, o perfil sóbrio de
Leite pode ser exatamente o que procura o belorizontino em 2024.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Por fim, chama atenção a movimentação virtual
intensa que assumiu o ex-vice-governador Paulo Brant, agora filiado ao PSB.
Caso siga no ritmo atual, Brant terá estrutura partidária e um histórico de
equilíbrio político a seu favor, o que pode ser valioso se a rejeição ao
extremismo político tiver peso em 2024.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Com sete postulantes viáveis, a disputa pela
Prefeitura de Belo Horizonte se tornou imprevisível. Para cada corrente ou
estilo político, haveria no mínimo dois candidatos dividindo o mesmo espaço –
isso, para não mencionar o usual conflito entre perfis distintos. A quantidade
de variáveis em jogo é tamanha, que qualquer prognóstico que se faça hoje não
passa de placebo contra a ansiedade.<o:p></o:p></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">Um novo futuro se desenhou, sem dar chance para que
as previsões anteriores se concretizassem.<o:p></o:p></p>Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-9593833112645102362017-10-10T11:34:00.000-07:002017-10-10T11:34:20.282-07:00Lula 2018: A medida do novo será a medida do sucesso<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 10/10/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Recentemente,
o Datafolha divulgou dados cujos pontos principais estão relacionados ao
ex-presidente Lula: 35% dos brasileiros estão dispostos a elegê-lo novamente
para a Presidência da República, enquanto cerca de 55% preferem que o destino
do líder petista seja o cárcere. Tais percentuais são suficientes para agradar
a ambos os extremos do espectro político, cada um destacando aquilo que mais lhe
agrada eleitoralmente. Entretanto, convém ler tais números sob uma perspectiva equilibrada.
Os 35% de intenção de voto declarada em Lula sem dúvida constituem vantagem
significativa para o petista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
origem desse capital eleitoral, entretanto, tem suscitado interpretações
conflitantes. Por um lado, há quem veja o apoio a Lula como fruto dos
resultados colhidos por seus dois governos: o eleitorado, portanto, faria uma
escolha racional pela recuperação de um padrão de governo. Sob esse viés,
haveria muito potencial de crescimento para a candidatura de Lula em 2018, já
que o público beneficiado por suas políticas, grosso modo, seria bem maior do
que a terça parte do eleitorado nacional que já se declarou a favor do petista.
Assim, bastaria construir uma campanha relembrando o que foi feito entre 2003 e
2010, para depois receber de braços abertos os votantes que voltarem e
reconhecer os louros do passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Outra
vertente interpreta os 35% de intenção de votos em Lula como fruto de sua
exposição prolongada aos olhos de todos, tanto como presidente quanto como
protagonista em sete eleições nacionais. Seguindo essa linha, o crescimento das
intenções de voto em Lula não será necessariamente fácil na campanha de 2018:
afinal, se todos o conhecem, por quê a aprovação de seu nome não seria ainda
maior?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Avançando
para além dessas duas visões, é importante recordar que o PT e seus candidatos
costumam contar com público cativo no Brasil, que oscila em torno de 30% do eleitorado.
Dessa forma, se Lula conta hoje com aproximadamente 35% de eleitores, algo que
podemos ter como válida é a persistência da fidelidade dos eleitores
tradicionalmente simpáticos ao PT. Trata-se de uma vitória, principalmente
dentro do contexto atual pelo qual passa o partido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Como
o desafio do PT sempre foi o de convencer o público indeciso a aderir à sua
plataforma, hoje persiste essa tarefa. Para analisa-la, vale a pena considerar
o outro número de destaque da pesquisa Datafolha: os 55% dos brasileiros que
querem Lula atrás das grades. Diferente de outros momentos, agora não há uma
massa de indecisos, dispostos a ouvir propostas para formar opinião: há, sim,
uma oposição aguda à figura de Lula, que abarca mais da metade dessa população.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">É
possível perceber, assim, que o futuro de Lula não está tão ligado ao seu ponto
de partida, mas sim ao tortuoso caminho que tem pela frente. Enquanto outros
nomes encontram rejeição do eleitorado, Lula tem diante de si o desejo popular
de que ele seja preso. Trata-se, afinal, de um novo patamar de impopularidade, difícil
de ser revertido.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">As
fórmulas utilizadas no passado dificilmente repetirão o mesmo sucesso, pois não
foram concebidas para reverter um ambiente tão hostil. A medida na qual Lula
buscar se reinventar, na imagem que projeta e nos métodos que pratica, vai
indicar o potencial de sucesso do petista em 2018. Até agora, os sinais indicam
que o PT se prepara para reprisar os enredos do passado, o que lhes direciona
para o pior prognóstico possível.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-8319609407347255162017-10-04T07:00:00.002-07:002017-10-04T07:00:26.516-07:00Nos bastidores do mundo, a Coreia do Norte continua ativa<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 03/10/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte continua a crescer a cada semana.
Enquanto nenhuma das partes busca reduzir a agressividade de seus discursos, o
parlamento da Coreia do Sul aprovou uma ajuda emergencial de US$ 8 milhões à
sua vizinha do norte, em uma tentativa de recuperar a estratégia de
apaziguamento que funcionou muito bem durante a segunda metade dos anos 1990.
Nesse contexto, uma notícia passou quase despercebida: Angola e Moçambique,
países com os quais compartilhamos profundos laços culturais e históricos,
estão sob investigação das Nações Unidas por supostamente desrespeitarem as
sanções comerciais impostas por essa organização internacional à Coreia do
Norte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">De
acordo com a denúncia, ambos os países africanos fizeram negócios recentemente
com empresas de propriedade do governo norte-coreano. No caso de Angola, por
exemplo, a relação entre o governo norte-coreano e a empresa Green Pine é tão
explícita, que os funcionários dessa são credenciados como servidores da embaixada
norte-coreana nesse país. Suspeita-se que Angola tenha contratado serviços do
país asiático para treinamento de suas tropas de elite, além de ter se
envolvido em uma negociação de compra de navios de guerra que não prosperou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">No
caso de Moçambique, foram adquiridos mísseis, um sistema de defesa antiaérea e
um radar junto à empresa norte-coreana Haegeumgang. Enquanto as Nações Unidas
aguardam respostas das duas nações africanas, registram também uma circulação
atípica de cidadãos norte-coreanos pela África, provavelmente prospectando ou
já conduzindo outros negócios desse tipo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Essa
situação é ilustrativa do quão limitados são os instrumentos de pressão
utilizados por organismos multilaterais como as Nações Unidas. Na ausência de
um efetivo governo de caráter internacional, capaz de impor suas decisões pela
força de seus próprios meios e ultrapassar as soberanias dos países, qualquer
decisão coletiva acaba sempre dependendo da boa vontade dos governos nacionais para
produzir efeitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Assim,
enquanto houver atores interessados em obter ganhos a partir do descumprimento
de orientações de órgãos como a ONU, a efetividade desses será bem limitada. É
bem provável que os governos de Angola e Moçambique obtiveram preços e
condições mais vantajosos em seus negócios com a Coreia do Norte do que
encontrariam no mercado legítimo de bens e serviços militares. Por qual outro
motivo, então, arriscariam suas reputações ao negociar secretamente com um
regime malquisto por quase todos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Gostem
ou não os idealistas, o mundo do século XXI não difere muito em sua essência da
estrutura política internacional vigente, por exemplo, em meados do século
XVII: tem-se como regra um conjunto de Estados nacionais soberanos, entregues à
busca de seus interesses egoístas e que só podem ser contidos pela força de
outros Estados igualmente soberanos cujos interesses conflitem com os seus.
Qualquer variação em relação a isso é temporária, pontual e não passa de
estratégia para produzir os melhores resultados a um custo inferior ao que teria
uma ação puramente militar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Nos
bastidores do mundo político internacional há muito mais acontecendo do que no
palco das organizações internacionais. A pergunta mais importante do momento
atual é: quão habilitada está a equipe de novatos escolhida por Donald Trump
para atuar nos bastidores da política mundial? A resposta, por enquanto, parece
desanimadora.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-50971866921851040452017-09-26T09:15:00.001-07:002017-09-26T09:15:07.459-07:00Lula vs Bolsonaro: o feitiço que pode se voltar contra o feiticeiro<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz (publicado na edição de 26/09/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Em
passagem por Belo horizonte, o deputado Jair Bolsonaro conseguiu o que nenhum
outro pré-candidato à Presidência da República obteve até agora: ampla,
detalhada e exaustiva cobertura da imprensa. Essa exposição extrema à mídia não
foi acidental: Bolsonaro se esforçou bastante para chegar às manchetes. Além
das tradicionais declarações de apoio à ditadura, violência policial e
posicionamentos radicais em relação a todos os assuntos polêmicos, o deputado
prometeu ainda trazer o mar a Minas Gerais. Não satisfeito, Bolsonaro também
causou tumulto em uma universidade da capital, onde seus apoiadores e detratores
trocaram as agressões verbais e físicas de praxe. Assim, mesmo munido de discurso
pobre e comportamento repetitivo, Jair Bolsonaro conquistou todas as atenções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Os
afoitos de plantão podem mencionar alguma teoria da conspiração que aponte para
conluios secretos entre Bolsonaro, a sanha internacional do capitalismo ianque
e a totalidade da imprensa brasileira: interesses sempre unidos contra a indefesa
esquerda nacional. Entretanto, antes assumir esse discurso fácil, é importante
lembrar o incrível trabalho de divulgação que a esquerda vem prestando a
Bolsonaro nos últimos meses: desde os militantes que se encarregam de tumultuar
todos os eventos do deputado fluminense até o ex-presidente Lula, todos parecem
concentrar esforços para tornar Bolsonaro cada vez mais famoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
fascínio petista por Bolsonaro, entretanto, não pode ser creditado unicamente a
erros na estratégia de comunicação. O partido de Lula busca se colocar como o
principal adversário capaz de defender o país da catastrófica chegada de
Bolsonaro ao poder; para tanto, seria indispensável mostrar ao público o quão
terrível pode ser o deputado fluminense. Trata-se de uma estratégia que tem dado
certo desde 2006, quando o PSDB ocupava o papel de vilão nacional. Hoje Jair Bolsonaro
ocupa com vantagens a função de nêmesis petista: se opõe a quase todas as
bandeiras defendidas pelo PT, é agressivo e antipático, foi militar e elogia
torturadores do período da ditadura. Bolsonaro toca voluntariamente em todas as
discussões que os petistas gostam de debater e nas quais acreditam ter bons
argumentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
problema surge quando os petistas supõem que o povo brasileiro pensa como seu
partido, e que ficaria naturalmente a seu lado no caso de confrontação de
imagens e ideias polêmicas. Por exemplo, o discurso de Bolsonaro pelo uso de
força extrema no combate ao crime, rechaçado pelo PT, tem enorme apelo popular.
Em geral, por contar com a vantagem de quem nunca comandou o Executivo,
Bolsonaro também não precisa mostrar números de sucesso para poder criticar sem
piedade os resultados obtidos pelas gestões petistas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Elevando
Bolsonaro à categoria de “inimigo a ser batido”, os petistas ignoram a hipótese
de que muitos eleitores podem estar exatamente buscando um anti-heroi em quem
votar: promovendo o adversário, o PT acabaria por indicar o caminho pelo qual os
eleitores podem expressar seu descontentamento com os políticos tradicionais. É
bom lembrar também que Jair Bolsonaro até agora passou incólume pelo turbilhão
de denúncias que assolam o Brasil nos últimos anos, o que permite um
contraponto agudo em relação ao PT. Dessa forma, se insistirem no duelo entre
Lula e Bolsonaro, os estrategistas do PT podem estar levando a plataforma
eleitoral do partido para nada menos que a aniquilação em 2018.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-14499089243845005882017-09-12T04:46:00.001-07:002017-09-12T04:46:34.640-07:00Porto Rico e Venezuela: não há ideologia no fracasso<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 12/09/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--></div>
<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="false"
DefSemiHidden="false" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="375">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="header"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footer"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of figures"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope return"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="line number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="page number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of authorities"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="macro"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="toa heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Closing"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Message Header"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Salutation"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Date"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Note Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Block Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="FollowedHyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Document Map"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Plain Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="E-mail Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Top of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Bottom of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal (Web)"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Acronym"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Cite"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Code"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Definition"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Keyboard"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Preformatted"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Sample"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Typewriter"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Variable"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Table"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation subject"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="No List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Contemporary"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Elegant"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Professional"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Balloon Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Theme"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" QFormat="true"
Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" QFormat="true"
Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" QFormat="true"
Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" QFormat="true"
Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" QFormat="true"
Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" QFormat="true"
Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="41" Name="Plain Table 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="42" Name="Plain Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="43" Name="Plain Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="44" Name="Plain Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="45" Name="Plain Table 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="40" Name="Grid Table Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="Grid Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="Grid Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="Grid Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="List Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="List Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="List Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Mention"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Smart Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Hashtag"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Unresolved Mention"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:8.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:107%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri",sans-serif;
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
crise na Venezuela, desastre humanitário que agora se aproxima de um desfecho
militar, teve origem no descontrole dos gastos públicos durante o período de
alta nos preços do petróleo e foi agravada pela desordenada expansão do Estado para
controlar a economia. Esse receituário, que resulta da adoção pelo regime venezuelano
de ideais alegadamente socialistas, foi o mesmo roteiro que levou à ruina dos
países europeus que praticaram o chamado “socialismo real” até o final dos anos
1980. Essa tradicional cartilha socialista, preocupada em distribuir riqueza, falhava
por não ensinar como produzi-la.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Mesmo
que nem todo movimento de controle estatal da economia traga uma carga
ideológica, é exatamente por esse viés que a crise venezuelana tem sido
colocada em evidência. O colapso do regime bolivariano tem sido apresentado
como uma vitrine do futuro que esperava o Brasil caso prosseguissem os governos
petistas. Entretanto, vale lembrar que há mais de um caminho para chegar ao
fundo do poço, e a ilha caribenha de Porto Rico tem potencial para se tornar
uma versão capitalista da tragédia venezuelana.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Sendo
oficialmente um “Estado associado” aos EUA, Porto Rico preservou para si atributos
de um país independente, ao mesmo tempo que manteve laços íntimos com a nação
ianque: por exemplo, os porto-riquenhos são cidadãos norte-americanos, utilizam
o dólar como moeda e não possuem forças armadas. O curioso estatuto legal desse
país foi considerado por seus habitantes, durante décadas, como uma vantagem
estratégica em relação aos países vizinhos e aos próprios estados que compõem
os EUA. Dessa forma, fazendo uso da peculiaridade legal de Porto Rico, foram
concedidos benefícios fiscais para a atração de indústrias a partir da década
de 1970, isenções de impostos para quem comprasse títulos da dívida
porto-riquenha dos anos 1990 em diante, e na década seguinte, foram aprovadas
novas exceções de impostos com o objetivo de transformar a ilha no novo endereço
dos ricos e famosos dos EUA.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Todas
essas medidas de estímulo à economia buscavam potencializar o efeito de forças
já existentes no mercado. Por exemplo, os compradores de títulos da dívida
porto-riquenha tinham a garantia, na constituição desse país, de que receberiam
seu pagamento mesmo que o governo não conseguisse custear serviços básicos à
população. Assim, a incerteza do investidor era um problema maior do que o bem-estar
do povo para o governo da ilha. Voluntariamente submetida às demandas do
capitalismo liberal, hoje Porto Rico possui uma dívida de US$ 78 bilhões, baixa
capacidade de arrecadação de impostos e enfrenta constante perda de indústrias
para países asiáticos. Por não se tratar de um estado norte-americano, a ilha
não pode decretar falência e pedir apoio federal, e por isso tem fechado
escolas e hospitais para reunir recursos e custear suas dívidas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Os
chamados “fundos abutres”, que lucram a partir da cobrança judicial de títulos
de nações falidas, já controlam cerca de 30% dos papéis porto-riquenhos e arrastam
o futuro da ilha para os tribunais dos EUA. Enquanto isso, dezenas de milhares
de pessoas deixam o país a cada ano, incluindo uma média de um médico por dia,
e 45% da população vive abaixo da linha de pobreza.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Assim,
vê-se que não existe ideologia capaz de salvar os países de suas próprias
condutas equivocadas: Venezuela e Porto Rico se equivalem, no descaso de seus
governos com o povo.</span></div>
<br />Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-18416187665157011332017-09-12T04:44:00.000-07:002017-09-12T04:44:58.613-07:00O efeito “vote em nenhum dos três”: O eleitor brasileiro pode escolher por exclusão em 2018 <div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 05/09/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]-->
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Uma
antiga comédia norte-americana tinha como enredo a seguinte situação: o pobre e
decadente protagonista, para herdar a fortuna deixada por um parente distante,
tinha que cumprir o desafio de gastar uma parte desse valor em pouco tempo, sem
acumular patrimônio ou destruir bens. Diante da tarefa, o personagem vivido
pelo genial Richard Pryor decide se lançar como candidato a prefeito de Nova
York, criando uma campanha milionária sob o slogan de “vote em nenhum dos
três”; afinal, não tinha qualquer pretensão em seguir carreira política.
Surpreendentemente, o anti-heroi em questão desponta como favorito do eleitorado,
o que faz com que ele renuncie da disputa fictícia que vinha empreendendo. Por
mais que essa trama tenha pouca chance de ocorrer na vida real, o comportamento
dos eleitores do filme não parece tão estranho como prognóstico para as
eleições nacionais brasileiras de 2018.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
rejeição aos políticos tradicionais, percebida desde as massivas manifestações
populares de 2013 no Brasil, já é tida como fator inevitável para o pleito do
ano que vem. Os índices de não comparecimento, de votos brancos e nulos
atingiram patamares muito altos nas eleições de 2014 e 2016, de forma que mesmo
previsões conservadoras esperam que essa tendência seja acentuada pela
divulgação recente de vários escândalos de corrupção. Há discussões importantes
sendo feitas atualmente sobre os efeitos práticos de um sistema político do
qual participam pouco mais de dois terços da população: como iriam repercutir,
por exemplo, entre os estratos da sociedade que não votam, as medidas tomadas
por um governo que lhes é totalmente estranho? O potencial para violência é
grande, uma vez que a falta de participação cada vez mais afasta a política de
seu papel de representação dos ideais, desejos e necessidades da sociedade perante
os mecanismos do Estado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
problema da baixa representatividade no sistema político brasileiro, por outro
lado, tem um importante aspecto que poucos consideram: o efeito produzido pelo
desengano com a política naquela parte do eleitorado que, efetivamente, ainda
vota e pretende continuar a fazê-lo. Trata-se de dois terços da população apta
a votar, que irá efetivamente produzir um resultado nas urnas em outubro do ano
que vem, e que se encontra em grande risco de ser dominada pelo efeito “vote em
nenhum dos três”, tal como na comédia de Pryor. É possível prever, sob esse
prisma, que muitos brasileiros podem vir a escolher em quem votar por um
processo simples de exclusão: não mais buscarão um candidato que os agrade, mas
instintivamente, tenderão a apoiar o que menos lhes causar repulsa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Tomando
a lógica do “vote em nenhum dos três” como pano de fundo, poderemos ter uma
campanha presidencial que demande dos candidatos posicionamentos inovadores em
2018, algo que nenhum dos pré-candidatos de maior destaque tem sequer ensaiado
até agora. A caravana realizada pelo ex-presidente Lula pelo interior do
Nordeste, por exemplo, representa a repetição de um roteiro datado da década de
1990, reencenado por alguém que protagoniza a política nacional desde o final
dos anos 1980. No mesmo sentido, os opositores em potencial desse discurso
envelhecido também indicam disposição para reeditar tramas do passado,
repetindo o antagonismo antipetista que é capaz de enfastiar até os eleitores
mais motivados.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">À
medida que se desenha no horizonte um enfrentamento entre PT e PSDB, repetindo não
só os papeis como os atores que os ocupam, cresce ainda mais a possibilidade de
que o efeito “vote em nenhum dos três” desempenhe função decisiva nas urnas;
afinal, os eleitores têm assistido a esse mesmo enredo desde 1994.
Instintivamente, candidatos como o radical Jair Bolsonaro contam com essa
dinâmica política de exclusão das figuras tradicionais pelo eleitor, para
nutrir suas próprias esperanças de poder. Porém, o cenário pode não ser tão
simples assim, uma vez que figuras extremas são tradicionais no folclore
político brasileiro, sem que a notoriedade alcançada as tenha alçado a mais do
que postos isolados no Congresso Nacional; o médico Enéas Carneiro, nesse caso,
desponta como o maior exemplo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
efeito “vote em nenhum dos três”, dessa forma, pode acabar levando ao poder o
candidato que causar menos repulsa ao eleitor, podendo ser esse uma novidade
política ou também o político mais insosso que se colocar à disposição de um
eleitorado desgastado e desmotivado. </span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="false"
DefSemiHidden="false" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="375">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="header"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footer"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of figures"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope return"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="line number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="page number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of authorities"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="macro"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="toa heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Closing"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Message Header"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Salutation"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Date"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Note Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Block Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="FollowedHyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Document Map"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Plain Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="E-mail Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Top of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Bottom of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal (Web)"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Acronym"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Cite"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Code"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Definition"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Keyboard"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Preformatted"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Sample"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Typewriter"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Variable"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Table"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation subject"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="No List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Contemporary"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Elegant"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Professional"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Balloon Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Theme"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" QFormat="true"
Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" QFormat="true"
Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" QFormat="true"
Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" QFormat="true"
Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" QFormat="true"
Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" QFormat="true"
Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="41" Name="Plain Table 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="42" Name="Plain Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="43" Name="Plain Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="44" Name="Plain Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="45" Name="Plain Table 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="40" Name="Grid Table Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="Grid Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="Grid Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="Grid Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="List Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="List Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="List Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Mention"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Smart Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Hashtag"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Unresolved Mention"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:8.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:107%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri",sans-serif;
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]--></div>
<br />Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-66813558222905851242017-08-27T20:36:00.001-07:002017-08-27T20:36:19.007-07:00Jogos de palavras: a realidade da chamada “reforma política”<div>
por Paulo Diniz</div>
<div>
(publicado na edição de 29/08/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Circulam
atualmente várias análises que apontam na mesma direção em relação ao movimento
político de alteração de regras eleitorais: não se trata de uma reforma e,
menos ainda, vai produzir mudanças significativas na política nacional. Entretanto,
ainda que muitos tenham consciência do quão impróprio é o termo, mesmo esses
acabam fazendo concessão à praticidade e empregando cotidianamente a expressão
“reforma política”. Esse ato inocente de comunicação acaba por gerar
consequências reais: a repetição do termo “reforma política” transmite para a
sociedade a mensagem equivocada de que a política brasileira estaria prestes a
passar por mudanças importantes. Isso beneficia os atuais detentores de mandato
no Legislativo nacional, pois cria-se a perspectiva junto ao público de que os
políticos atuais seriam capazes de solucionar os problemas da política
brasileira. Esse jogo de palavras, portanto, pode ser visto como uma tentativa
dos políticos tradicionais renovarem sua imagem perante o eleitorado,
colocando-se como parte do futuro desejado por todos.</span></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Difícil
saber quantos parlamentares federais participam dessa articulação que busca um tipo
de salvação coletiva, mas é possível ver uma rara aproximação entre a maioria
das lideranças partidárias quando o tema é a chamada “reforma política”. A
discordância que se nota, sobretudo na Câmara dos Deputados, envolve
principalmente o grupo que não goza de tanta notoriedade, o chamado baixo
clero.</span></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Outros
jogos de palavras também funcionam no mesmo sentido que o conceito geral de
“reforma política”: a proposta de outros modelos de financiamento de campanha,
por exemplo, suscita a ideia de que estariam sendo combatidas as relações
espúrias de pagamentos de grandes empresas a partidos políticos em troca de favores
desonestos. Essa lógica parte do pressuposto de que a culpa pelos malfeitos
residiria nas leis, e não nos homens que as descumpriram durante anos; assim, bastaria
uma nova legislação para sanar o problema da corrupção.</span></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Ocorre
que as doações eleitorais ilegais do passado significam que empresas e partidos
políticos estavam dispostos a burlar a lei para cumprirem com seus objetivos:
essa motivação, que coloca o sucesso acima de qualquer medida ética, não irá
desaparecer com qualquer lei que o Congresso aprove. O erro dos homens se
corrige com a punição e substituição desses, e não com a troca das normas que,
desrespeitadas no passado, podem novamente ser burladas no futuro.</span></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">No
mesmo sentido, discutir as doações empresariais feitas a partidos e políticos de
forma legítima é menos importante do que aparenta. A conduta desonesta dos
políticos, independentemente do fator que as motivou, é que deveria ser foco
das atenções: como proceder para evitar que um deputado literalmente venda seu
voto, alugue sua participação em uma CPI ou assuma na tribuna posições que nada
têm a ver com os interesses de seus eleitores? Essas perguntas, voltadas para o
comportamento do político eleito, deveriam ser centrais a uma “reforma política”
que fosse digna desse nome.</span></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Fica
claro, portanto, que as alterações na legislação eleitoral que provocam tanto
alarde no Brasil têm pouco a ver com os maiores problemas da política atual. A
chamada “reforma política” não é muito mais do que alguns jogos de palavras
encobrindo medidas que, ao que tudo indica, tendem a beneficiar justamente
àqueles que criaram a crise na qual se encontra o país.</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-23761753420759460522017-08-20T13:48:00.004-07:002017-08-20T13:48:41.146-07:00EUA: um país sem presidente<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 22/08/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> Mais
do que provavelmente tenha desejado, Donald Trump tem estado em evidência de
forma praticamente onipresente nas últimas semanas. Como era de se esperar em
uma situação desse tipo, as falhas e defeitos do presidente dos EUA saltaram
aos olhos do mundo. O impasse em relação às armas nucleares da Coreia do Norte,
que durante mais de duas décadas não foi além do componente folclórico e
inusitado da política mundial, escalou a um patamar realmente perigoso nas
últimas semanas. As tradicionais ameaças megalomaníacas e paranoicas dos
norte-coreanos foram confrontadas, pela primeira vez, por bravatas igualmente
disparatadas: Trump ameaçou seus oponentes com “fogo e fúria nunca antes
vistos”, incentivando ainda mais a perigosa arenga entre as duas potências
nucleares.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Indiferente
ao risco que estimulava, Trump também acenou com a possibilidade de ação
militar contra a Venezuela, país à beira da guerra civil cujo governo já se
encontrava sob intensa pressão popular e internacional. Evocando o fantasma
favorito da esquerda hispano-americana, a intervenção ianque no continente,
Trump conseguiu a façanha de produzir alguma popularidade para o governo de
Nicolás Maduro, subitamente incumbido da defesa da soberania nacional
venezuelana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Concluindo
a semana, Donald Trump ainda se manteve neutro em relação aos distúrbios com
morte ocorridos na pequena cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia,
envolvendo grupos racistas e defensores dos direitos civis. Culpando a todos os
envolvidos no caso, Trump causou escândalo ao redor do mundo por declarar, com
isso, apoio tácito aos movimentos pela supremacia branca do sul dos EUA, muitos
dos quais defendem plataformas oficialmente nazistas. Dois dias depois, Trump
se retratou e condenou os grupos racistas, apenas para, no dia seguinte, voltar
à posição inicial de condenar igualmente a todos os envolvidos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
fato de todas essas polêmicas se relacionarem com as declarações de Trump nas
redes sociais é sintomático: seu governo não tem conseguido avançar em suas
propostas principais, sofrendo sucessivas derrotas no Legislativo e no
Judiciário. Mesmo que o partido do governo tenha maioria tanto na Câmara quanto
no Senado, muitos parlamentares republicanos têm feito oposição a algumas
políticas de Trump, certamente temerosos de que essas prejudiquem diretamente a
seus eleitores. Não é por acaso, portanto, que o primeiro deputado a mencionar
abertamente o impeachment de Donald Trump foi um membro de seu próprio partido,
eleito pela Flórida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
grau de inação de Donald Trump em relação à administração do país é tão
flagrante que vê-se com frequência analistas políticos norte-americanos se
dedicando a observar a filha e o genro do presidente, ambos nomeados como
assessores especiais do governo, na esperança de que desse casal possam surgir
liderança e iniciativas que influenciem Trump. Afinal, o comportamento errático
e improdutivo do presidente já foi percebido por muitos como uma efetiva lacuna
no cargo político de maior destaque dos EUA.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Pressionado
cada vez mais por suas ligações com o governo russo, é provável mesmo que
Donald Trump renuncie do posto para o qual foi eleito: afinal, já declarou ter
saudades de seu ritmo de vida anterior à presidência, que segundo ele, era bem
menos atarefado. Sob esse cenário, Trump apenas tornaria oficial algo que já é
real: os EUA não têm hoje, efetivamente, um presidente em exercício.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-36356004125139014462017-08-20T13:45:00.002-07:002017-08-20T13:45:34.543-07:00Eficiência na gestão pública: assunto eternamente ignorado no Brasil<div style="text-align: justify;">
Por Paulo Diniz (publicado na edição de 13/08/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
revisão da meta fiscal do orçamento federal se tornou o assunto principal a
dominar a atenção da opinião pública. O corte de gastos e o equilíbrio das
contas federais, por si sós, não são problemas: hoje é claro para todos que o
descontrole fiscal e a ficção contábil produzidos pelo governo de Dilma
Rousseff foram prejudiciais ao povo brasileiro. O que merece reparos na gestão
Temer é que ainda não surgiu pensamento que fosse além da simples regulação de
receitas e despesas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Em
meio a essa concepção imediatista e fiscalista, surgem propostas que merecem atenção:
a instalação de programa de demissão voluntária (PDV) no governo federal, e a
criação de um teto salarial de R$ 5.000,00 para servidores que ingressarem na
burocracia da União. Ambas medidas seriam capazes de cortar despesas do governo
federal no curto prazo, agradando a perspectiva simplista da gestão de Temer; já
as consequências nefastas seriam sentidas apenas no futuro, quando o atual
governo constar como um curto parágrafo nos livros de história.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
programa de demissão voluntária é uma prática comum em empresas privadas, porém
sua transposição para o setor público não pode ser vista como um processo
automático: o Estado tem métodos de seleção de pessoal próprios, como o
concurso público, e costuma precisar da fidelidade de seu funcionário por toda
a sua vida produtiva, concedendo por isso a estabilidade; dessa forma, não
seria fácil ou rápido contratar novos servidores quando, após a realização de
um PDV, o funcionamento dos órgãos públicos demandar funcionários adicionais. Além
disso, um PDV costuma atrair os funcionários mais produtivos, que se consideram
aptos a enfrentar novamente as incertezas do mercado de trabalho; já os demais,
que por vários motivos não seriam capazes de encontrar um novo emprego, tendem
a permanecer onde estão. Se colocado em prática na burocracia federal, um PDV
faria provavelmente o Estado perder seus servidores mais eficientes, mantendo
em suas fileiras os menos produtivos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Efeito
semelhante teria a imposição de um teto salarial durante os primeiros anos da
carreira de um servidor público: o valor de R$ 5.000,00 não seria suficiente
para remunerar o investimento que muitos profissionais hoje fazem para serem
aprovados em concursos e se tornarem servidores federais; empresas privadas
poderiam atrair e reter tais pessoas facilmente, a partir de ofertas salariais
melhores. O emprego público deixaria, portanto, de atrair alguns profissionais altamente
competentes, como ocorre hoje em algumas áreas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
produtividade do Estado, percebe-se, não foi tema considerado pela equipe de
Temer. No longo prazo, é justamente o funcionamento eficiente da máquina
pública o que mais deveria interessar: obter mais e melhores serviços para a
população, a partir de um mesmo montante arrecadado. Infelizmente, o pensamento
simplista dos gestores da era Temer vem sendo regra na história brasileira:
reduzir despesas, quase sempre mutilando a capacidade de ação do Estado, vem
sendo considerado por nossos governantes como sinônimo de “reforma do Estado”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">As
poucas iniciativas que contradizem essa triste tradição, levadas a cabo por
Getúlio Vargas nos anos 1930 e por Fernando Henrique Cardoso nos anos 1990,
tiveram resultados limitados e quase nunca são lembradas pelo grande público.
Todo esse cenário sequer compõe a pauta de partidos políticos e de seus
pré-candidatos para 2018.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-6723447905838106322017-08-07T10:37:00.003-07:002017-08-07T10:37:53.680-07:002018: uma eleição estadualista?<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 08/08/2017 de O Tempo - Belo horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 49.6pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Algumas
semanas atrás, o senador Renan Calheiros protagonizou um insólito rompimento
com Michel Temer, proferindo um discurso capaz de agradar até o mais radical
dos petistas. O movimento estava relacionado com uma questão local: em Alagoas,
Calheiros quer preservar a aliança entre PMDB e PT para facilitar a reeleição
de seu filho, que hoje comanda o estado. Mais vale garantir um governador
aliado do que sacrificar sua popularidade apoiando o presidente mais detestado
das últimas três décadas. Em Minas Gerais a situação é semelhante: PMDB ainda
apoia o governo estadual petista, mantendo uma aliança que será indispensável
para que Fernando Pimentel possa cogitar a disputa pela reeleição de maneira
competitiva. Pouco representativo no governo federal, o PMDB mineiro tem mais
motivos para se concentrar no caminho que escolher para o pleito estadual do
que para empregar suas forças na disputa pela Presidência da República.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 49.6pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Partindo
desses casos mais evidentes, é possível discutir a hipótese de que as eleições de
2018 podem transcorrer predominantemente guiadas por uma miríade de forças
estaduais, e muito menos pelas grandes dinâmicas da política nacional
brasileira. Essa possibilidade representa uma inversão da forma como
aconteceram os últimos pleitos nacionais, nos quais a disputa pelo comando do
país exerceu uma influência decisiva sobre as eleições para os cargos de
governadores e senadores, principalmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 49.6pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Podemos
considerar, como base dessa estrutura, a situação atual do governo Temer:
unanimemente impopular, colhendo resultados econômicos tímidos e lentos, dotado
de orçamento deficitário e agindo há meses para garantir a própria
sobrevivência; é seguro afirmar que existe hoje um vazio de poder político em
Brasília. É evidente o contraste com as campanhas de 2002 e 2010, por exemplo,
nas quais havia lideranças claras na Presidência, em torno das quais se
aglutinavam grupos favoráveis e contrários. Tais centros de poder, ainda mais
fortes quando há reeleição em jogo, dominam a atenção da opinião pública e dos
meios de comunicação, o que obriga candidatos a governador a adotarem um
posicionamento nítido diante do eleitorado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 49.6pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
ausência de força política no Governo Federal, sob uma perspectiva histórica,
tem paralelo na redemocratização da década de 1980: as primeiras eleições
diretas para governadores se deram em 1982, levando ao poder nos estados
lideranças populares como Leonel Brizola e Tancredo Neves. Enquanto isso,
permaneceria na Presidência até 1985 o desgastado general Figueiredo,
remanescente do regime militar. O restante dessa década pode ser lido, na
política brasileira, como uma sequência de articulações feitas por governadores
fortes, em detrimento de presidentes fracos: da campanha fracassada pelo voto
direto, passando pela eleição de Tancredo para a Presidência pelo Congresso e
culminando com a surpreendente eleição direta de Fernando Collor em 1989 –
esse, por sua vez, ex-governador de Alagoas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 49.6pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Sendo
quase impossível que Temer passe a ter relevância eleitoral, o mais provável é que
tenhamos um perfil estadualista nas eleições de 2018: candidatos à Presidência
atuando diante de um vazio na esfera federal, buscando apoio junto a mais de 30
partidos no caleidoscópio das 27 disputas estaduais. O que se pode esperar,
portanto, é um grau maior de imprevisibilidade, derivado da oferta em excesso
de possibilidades de coligações regionais.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-79369896437811562042017-08-01T07:07:00.003-07:002017-08-01T07:07:54.384-07:00Emendas parlamentares: de inimigas da representação popular a esteio do governo Temer<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
publicado na edição de 01/08/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Com
duas frases curtas, o veterano deputado federal Paes Landim resumiu
recentemente o segredo da sobrevivência política de Michel Temer. Falando por
si, Landim disse valorizar Temer pela proximidade e diálogo que mantem com o
Legislativo; nas votações polêmicas e impopulares, o deputado confia na “memória
curta” da população, que tende a esquecer de tudo dentro de um ano. Apesar
desse tipo de raciocínio ser perceptível no comportamento dos políticos
brasileiros em geral, dificilmente surge alguém que o expresse tão
desavergonhadamente quanto esse deputado, eleito pelo PTB do Piauí e que exerce
hoje seu oitavo mandato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
fala de Paes Landim nos ajuda a compreender não só a surpreendente manutenção
de Temer no poder, como também alguns mecanismos da política brasileira. Quando
cita “proximidade e diálogo”, Paes Landim se refere muito provavelmente à
disposição de Michel Temer para receber pessoalmente os pedidos dos
parlamentares e atendê-los. A nomeação de pessoas indicadas por deputados e
senadores para ocuparem cargos na administração pública federal é um bom
exemplo: não apenas Temer dá emprego para quem seus aliados pedem, como também
exonera com rapidez tais pessoas quando percebe que o apoio político prometido
começa a vacilar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Mas
a felicidade de deputados como Paes Landim se deve muito mais ao manejo que Temer
faz dos recursos orçamentários: as chamadas “emendas parlamentares”,
desconhecidas da maioria da população, desempenham o papel mais importante na
relação do presidente com o Legislativo. Em linhas gerais, cada emenda feita
por um parlamentar ao projeto da lei orçamentária significa que esse político define
a forma como será gasta parte dos recursos do Estado brasileiro;
historicamente, deputados e senadores usam o instituto das emendas para levar
recursos, na forma de obras e serviços, para as regiões nas quais tiveram melhor
votação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Não
há, portanto, ilegalidade nessa prática, apenas uma questionável dinâmica de
recompensa à população que se mantém fiel a seu parlamentar, do ponto de vista
eleitoral. O problema que ocorre no Brasil é que a tarefa do parlamentar acaba
se restringindo, na maioria dos casos, ao gerenciamento de suas próprias
emendas; a representação dos interesses e a defesa dos valores de seu
eleitorado específico costuma ser deixada de lado. A dinâmica das emendas
parlamentares, assim, permite que os deputados não representem ninguém, pois o único
compromisso assumido foi o de carrear alguns recursos para certa região:
cumprida essa promessa, podem se comportar como quiserem no plenário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Tendo
presidido a Câmara dos Deputados duas vezes, Michel Temer sabe o quão
importantes são as emendas na carreira de um parlamentar: apenas em junho,
liberou o pagamento de cerca de R$ 2 bilhões em emendas, valor semelhante à
soma dos demais meses de 2017. Na votação da admissibilidade da denúncia feita
pelo Ministério Público Federal contra Temer, esse espera obter a gratidão dos
deputados por sua grande generosidade. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Levando
em conta a atual composição do Legislativo federal, é bem provável que os
cálculos de Temer se mostrem corretos, e seu governo ganhe assim mais alguns
meses de sobrevida. Porém, nada impede que a crença de Paes Landim na “memória
curta” do eleitor brasileiro tenha caducado como conhecimento político, e as
urnas em 2018 anunciem uma grande renovação nos quadros do Legislativo
nacional; só depende de nós.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-74871851724947193932017-07-27T07:15:00.002-07:002017-07-27T07:15:39.906-07:00Educação nunca é prioridade: a reforma do Ensino Médio<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 25/07/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Têm
passado quase despercebidas algumas propagandas do Ministério da Educação que
pontuam a programação com lembretes sobre as mudanças no Ensino Médio. Nem
sempre foi assim: cerca de um ano atrás, esse tema gerava polêmica extrema,
ocupando o centro do debate político nacional como um símbolo do erro que teria
sido a substituição de Dilma Rousseff por Michel Temer na condução do Brasil.
Além dos últimos defensores da ex-presidente, muitos outros que não haviam se
esforçado em sua defesa surgiram no debate, posteriormente, na esperança de
obter ganho político a partir do desgaste de Temer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
educação, portanto, esteve em pauta por uma conveniência da conjuntura
política, pouco importando os aspectos pedagógicos envolvidos na reforma do
Ensino Médio. Essa importante mudança no sistema educacional foi tão útil aos
agentes políticos quanto tem sido a recente alta do preço dos combustíveis
derivado do aumento de impostos: ambas cumprem o papel de motivar críticas e
causar desgaste ao oponente no jogo político-partidário. Hoje, a reforma do
Ensino Médio avança, independentemente de contribuir ou não para a formação das
próximas gerações de estudantes. Não há mais interesse político em manter o
debate sobre a educação em destaque, já que agora é possível atacar diretamente
o Presidente: delações premiadas, gravações e denúncias criminais têm mais
apelo midiático do que a composição da grade curricular do Ensino Médio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Não
é justo, entretanto, culpar apenas os políticos pela falta de atenção
dispensada à educação nas discussões públicas; cabe também à população uma boa
parcela da responsabilidade pelo ostracismo no qual se encontra esse assunto. Por
exemplo, em suas pesquisas anuais sobre as prioridades dos brasileiros e a
percepção desses sobre os principais problemas do país, a Confederação Nacional
da Indústria tem registrado constantemente a educação como uma das principais
preocupações da população, juntamente com a segurança e saúde públicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Entretanto,
pode-se perceber que a educação não representa de fato um valor importante para
a maioria dos brasileiros quando se analisa outros dados da pesquisa da CNI: a
qualidade do sistema educacional foi percebida apenas como o 15º pior problema
do país em 2015; no mesmo sentido, a melhoria da educação ficou em 7ª posição
entre as prioridades apontadas pelo povo para o governo em 2016. Perguntas mais
específicas, portanto, desmascaram a suposta preocupação da sociedade
brasileira com a educação, em uma dinâmica que não se repete nas demais áreas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Outro
exemplo marcante foi registrado em 2006, quando o senador Cristovam Buarque se
candidatou à Presidência da República tendo como discurso quase único um
conjunto de propostas para a educação nacional; ao final do primeiro turno,
Buarque contou com pouco mais de 2% dos votos válidos. Por mais que uma
plataforma monotemática traga mesmo um certo enfado ao eleitor, é preciso
destacar o ineditismo de se tornar a educação protagonista do cenário
eleitoral, o que deveria em tese ter empolgado uma parcela significativa de
estudantes e profissionais do setor, gerando uma votação mais expressiva para
Cristovam Buarque.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Sendo
a maioria dos políticos e da sociedade envolvidos com a educação de maneira
apenas superficial e protocolar, é fácil encontrar as raízes do descalabro da
situação atual. Um futuro igualmente triste é o que podemos esperar para a
educação no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-83155904463391746232017-01-17T04:22:00.003-08:002017-01-17T04:22:39.412-08:00O PT não vai mudar<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 15/01/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
renovação do PT foi mais uma expectativa que se frustrou em 2016. Muito
mencionada por analistas políticos, a reforma petista é tida como indispensável
para que o partido não entre em colapso no futuro próximo. Convocado para abril,
o congresso nacional do PT não deve, entretanto, produzir qualquer mudança
significativa, por uma série de motivos distintos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Outrora
um partido cheio de dissenções, há alguns anos no PT predomina o consenso: se
ruidoso ou plácido não importa, o fato é que têm prevalecido os planos da
cúpula. Por treze anos, o imperativo do comando da máquina federal foi argumento
definitivo para consolidar esse consenso. Hoje, mesmo afastadas do poder
federal, as correntes internas do PT ainda não se arriscam a questionar
seriamente a ordem interna do partido: é fácil imaginar que, tendo em vista as
eleições de 2018, tenham esperanças de voltar ao Planalto a bordo da chapa de
Lula.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Entretanto,
as posições do PT e de Lula são irreconciliáveis, e isso se dá pela relação que
cada um tem com o tempo: enquanto Lula busca referências no passado para se
mostrar ao eleitor, seu partido precisa apontar para o futuro, para a superação
de uma imagem institucional tremendamente desgastada junto à opinião pública
nacional. Dificilmente Lula deve mudar de posição, pois, ao que tudo indica, o
melhor recurso à sua disposição parece ser a memória da bonança econômica que
marcou seus anos de governo. Essa contradição, entre os interesses pessoais de
Lula e as necessidades institucionais de seu partido, aparece como o primeiro
grande obstáculo a qualquer reforma de vulto no PT. A maneira como o
ex-presidente tem, nos últimos anos, moldado o partido em torno de si, dá indicação
bem clara de qual deverá ser o rumo adotado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
ponto principal, entretanto, que deve impedir maiores mudanças no PT está
relacionado com a própria maneira como suas lideranças costumam fazer política.
Historicamente, os petistas têm se mostrado avessos à prática marxista da
autocrítica: dificilmente mudam de rota, quase nunca admitem erros e, via de
regra, atribuem seus fracassos a alguma conspiração reacionária e sórdida. Essa
insistência, com o tempo, torna as eventuais mudanças cada vez mais
desgastantes na política, pois essas evidenciariam os custos impostos ao povo
pelo dogmatismo petista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">No
mesmo sentido, assumir erros implicaria em dar razão àqueles que criticaram o
PT no passado: não apenas pessoas, mas partidos inteiros que nasceram de
dissidências petistas poderiam fazer uso eleitoral desse reconhecimento tardio
de seus argumentos. Destaque nesse grupo a eterna presidenciável Marina Silva,
e ficam claras as dimensões desse obstáculo à reforma petista.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Tradicionalmente,
o PT cresceu afirmando seu ineditismo e exclusividade em relação à virtude na
política. Tal discurso fez com que o partido queimasse todas as pontes pelas
quais passou. Dessa forma, voltar às origens para fazer correções ou buscar
novos aliados é hoje um caminho tão difícil, que certamente não será trilhado.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-30155415530853339102017-01-17T04:21:00.003-08:002017-01-17T04:21:40.070-08:00Convergência: alguém ainda se lembra?<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 08/01/2017 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Terminado
seu mandato como prefeito, Márcio Lacerda segue para um ano de descanso e
articulações de bastidores, preparação para um 2018 que será intenso. Em
entrevistas recentes, Lacerda fez um balanço de seus erros e acertos
administrativos, traçando um quadro fiscal relativamente positivo. De forma
incomum, fez também especulações sobre seu futuro político, chegando a se
posicionar como pré-candidato ao governo mineiro, mas evitando ao máximo
comentar as recorrentes especulações de imprensa paulista que o colocam em uma
chapa presidencial liderada por Geraldo Alckmin. O futuro de Lacerda, assim,
tem pouca semelhança com seu passado, especialmente com sua chegada ao poder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Pouco
conhecido na política, Lacerda se viu em 2008 como centro das atenções
nacionais: seu nome representava a “convergência”, palavra que ecoou com
estardalhaço e gerou esperanças. Em torno da plataforma de Lacerda, se
alinhavam duas das principais lideranças políticas de Minas Gerais: o então
governador Aécio Neves, do PSDB, e o petista Fernando Pimentel, que encerrava
seu mandato como prefeito de Belo Horizonte. Tratava-se de dois nomes jovens em
seus respectivos partidos, que prometiam a superação das rivalidades
partidárias em favor dos bons projetos públicos. Lacerda, filiado ao PSB,
encarnava então essa possibilidade de confluência entre os partidos que mais
antagonizavam a política brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Pimentel
e Aécio, lançando a proposta de convergência em 2008, deixavam claro que não
miravam em projetos pessoais, mas sim em uma nova etapa para a política
nacional. Nesse sentido, é difícil imaginar um cenário mais positivo: os dois
partidos nacionais melhor dotados de quadros técnicos e densidade ideológica,
somam esforços e deixam de lado alguns dogmas da política brasileira
tradicional. É fato que Aécio pretendia ser presidente do Brasil, enquanto
Pimentel almejava ao governo mineiro, porém nesse momento, a convergência fazia
com que essas perspectivas parecerem meros detalhes técnicos, que seriam
positivos para todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Nesse
ano, assim, as urnas deram a vitória a Márcio Lacerda e uma chance à proposta
de convergência política. A gestão que se seguiu foi tensa, com espaços bem
delimitados para cada corrente política e nenhuma convergência administrativa
digna de nota. No pleito seguinte, o PT municipal rompe com Lacerda e é
derrotado por esse já no primeiro turno, enquanto em 2016 foi a vez dos tucanos
desembarcarem da coalizão governista.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Quanto
aos propositores da convergência, Aécio perdeu sua melhor chance de alcançar o
Palácio do Planalto devido à derrota sofrida em Minas em 2014; deixou de
convergir, afinal, com seu próprio eleitorado. Pimentel, vitorioso nas urnas,
acumula uma incrível sucessão de pendências com a justiça, algo que ameaça seu
futuro a ponto de o tornar um verdadeiro fantasma na política mineira. O tempo
mostrou, afinal, que cada um seguiu seu caminho, e a celebrada convergência
entrou para a história com todo jeito de ter sido só mais uma aliança de
ocasião.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-89317906231581909192017-01-17T04:20:00.000-08:002017-01-17T04:20:36.346-08:00Marco Aurélio Mello: O outro vilão<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 18/12/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif;">O embate entre Renan Calheiros e o STF pouco
foi discutido em seus aspectos estratégicos; trazidos à luz, esses indicam um
quadro mais complexo do que o que tem sido veiculado. Calheiros vinha tentando
há tempos reagir às suspeitas que envolvem seu nome: declarou cruzadas contra
os altos salários e um suposto abuso de poder de magistrados e promotores.
Assim, buscava jogar o peso dos poderes Legislativo e Executivo contra as
instituições encarregadas do cumprimento da lei. Renan se colocava como “mais
uma vítima” para atrair o apoio de políticos de todos os matizes: propunha uma
defesa coletiva dos políticos, que fatalmente amenizaria suas pendências
pessoais com a justiça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif;">Os demais políticos, ressabiados porém
interessados, observavam a queda de braço, que vinha sendo favorável ao
Judiciário e ao Ministério Público. Até mesmo as manifestações do dia 4 de
dezembro, que levaram multidões às ruas, tiveram em Renan Calheiros um de seus
vilões favoritos, além de nítido apoio aos agentes da justiça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif;">Seguiu-se, entretanto, uma mudança
surpreendente: o ministro do STF Marco Aurélio Mello, provavelmente inspirado
pelo clamor popular, proferiu liminar afastando Calheiros da Presidência do
Senado, em uma decisão tecnicamente contestável. Juridicamente, especula-se desde
a imperícia até a precipitação de Marco Aurélio; já no campo político, a
avaliação foi diferente: o discurso defensivo de Renan Calheiros, apoiado na
ideia de abuso de poder do Judiciário, ganhou ares de consistência. Diante de
todos, lá estava um ministro do STF agindo de maneira espalhafatosa e causando
com isso enorme impacto político e midiático.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif;">Esse cenário, inesperadamente favorável à
argumentação de Renan Calheiros, foi aproveitado por todas as correntes
políticas, que ajudaram de várias formas a sustentar o presidente do Senado em
seu posto, descumprindo ordem do STF. Diante disso, os demais ministros do STF
recuaram, deixando Renan no poder e negligenciando as consequências jurídicas
de sua afronta à liminar. Recusaram, assim, uma árdua batalha entre os poderes
da república, cuja motivação não era consenso e da qual dificilmente sairiam
vencedores. Não por isso o dano à imagem do Judiciário, em todo o país, deixou
de ser grave.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif;">Sob o prisma da estratégia, Marco Aurélio
deixou seus companheiros de corte sem alternativa fácil, ao mesmo tempo que
desenhou para si um cenário do qual só poderia sair bem: caso o STF confirmasse
o afastamento de Calheiros, o magistrado teria a paternidade política do
evento; por outro lado, como de fato ocorreu, a derrubada da liminar deixou
Marco Aurélio como o único a se erguer contra Renan. Nesse contexto, o senador
comportou-se conforme o esperado, buscando sua salvação política a todo custo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif;">Perfeito do ponto de vista estratégico, Marco
Aurélio só não levou em conta que o surgimento de escândalos políticos
semanais, como tem ocorrido, consumiria rapidamente sua fama justiceira.
Restaram o rancor de seus pares e uma mancha na respeitabilidade do Judiciário.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-46007342645613771492016-12-11T05:26:00.001-08:002016-12-11T05:26:29.196-08:00Aprendizes de feiticeiro<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 11/12/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Clássico
da animação, Fantasia foi uma das obras que mais ajudou a consolidar os
estúdios de Walt Disney. Lançado em 1940, o filme gira em torno de um Mickey
que se cansa de suas árduas tarefas como auxiliar de um mago, e decide assumir
as funções de seu patrão quando esse está ausente. Incapaz de lidar com os
poderes que evoca, Mickey causa um caos tremendo, que só é contido quando o
mago retorna. Mesmo sendo uma analogia infantil, é impossível não tê-la em
mente diante dos acontecimentos recentes relacionados com as medidas
anticorrupção que tramitam no Congresso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Elaborado
pelo Ministério Público Federal entre 2014 e 2015, o conjunto de dez medidas
contra a corrupção chegou à Câmara dos Deputados em março de 2016, na forma de
um projeto de iniciativa popular subscrito por mais de dois milhões de
brasileiros. Esse tipo de apoio popular foi obtido a partir de ampla
mobilização da sociedade civil, assim como por intensa atividade nas redes
sociais. Mais do que isso, a iniciativa do MPF veio de encontro a uma demanda
social urgente: a erradicação da corrupção do meio político. Como explicar,
portanto, o tratamento dado pelos deputados a tal projeto de lei?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
interesse corporativo é o primeiro elemento: os deputados, muitos com
pendências legais, agiram em defesa própria ao descaracterizar a proposta
original do MPF, transformando-a em um instrumento de coação do Judiciário e do
próprio Ministério Público. Porém, tal ação corporativa dos parlamentares não
explica tudo, pois a pressão política que acompanha projetos de lei de
iniciativa popular costuma intimidar bastante os detentores de mandato eletivo,
sempre preocupados em serem reeleitos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
explicação para o ocorrido com o projeto de lei de combate à corrupção reside
mais no próprio MPF do que na Câmara. Assim como no filme de Disney, o MPF
evocou forças políticas poderosas, sem que tivesse o conhecimento ou o cuidado
necessários para conduzir um processo político dessa envergadura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
momento político vivido pelo Brasil é marcado por tensão, instabilidade e
extremo desgaste emocional por parte dos parlamentares. Esse contexto é
desaconselhável para se propor mudanças na estrutura do relacionamento entre os
poderes Legislativo e Judiciário, especialmente quando as tensões tendem a
subir ainda mais com a revelação dos mais de 200 nomes dos beneficiados pela
empreiteira Odebrecht.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Quando
o MPF propõe que sejam mudadas as regras do jogo, enquanto esse ainda está em
andamento, não só revela ausência de senso de oportunidade, como também uma
incrível falta de noção de estratégia. Tendo seus oponentes acuados no campo
jurídico, o MPF transferiu a iniciativa para o âmbito da política, criando uma
formidável chance de revide para os deputados.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
soma de toda essa insensatez, agora, está nas mãos do Senado, cujo presidente
acaba de se tornar réu por corrupção. A sociedade se mobiliza novamente, agora
para tentar reverter o retrocesso aprovado pela Câmara. Infelizmente, não virá
um mago para recolocar tudo em ordem.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-36380662649477390872016-12-04T17:00:00.002-08:002016-12-04T17:00:33.036-08:00A PEC 55 e seus filhotes: uma questão federativa<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 04/12/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
reunião entre 23 governadores e Michel Temer, realizada recentemente em
Brasília, resultou na celebração de um acordo preliminar de ajuda aos estados,
que vivem situação fiscal desesperadora. Esse evento, entretanto, traz poucos motivos
para alívio: por mais que sejam transferidos recursos para o pagamento dos
servidores públicos estaduais, uma análise federativa indica que os vícios mais
antigos da federação brasileira permanecem intactos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Sendo
um país de proporções continentais e farto em diversidades, o Brasil se encaixa
como um caso típico no qual os mecanismos federativos muito têm a contribuir:
combina a autonomia dos governos estaduais para tomar decisões adequadas às
suas respectivas realidades, com a força de um governo nacional. Ocorre que,
historicamente, equilibrar todas essas partes em um mesmo acordo tem sido
difícil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Pesquisadores
apontam o federalismo mais como uma prática de negociação constante do que como
uma fórmula institucional específica. No caso brasileiro, entretanto, temos
negociações realizadas de forma bastante desigual: cabe à União mais da metade
do total arrecadado no país, já descontadas as transferências obrigatórias a
estados e municípios. Trata-se de um enorme volume de recursos, disponível para
as ações do governo federal. Já os 5.570 prefeitos e 27 governadores dividem
entre si a outra metade da riqueza arrecadada por impostos, dispersando os
recursos entre tantos governos que pouco sobra para o atendimento das
necessidades próprias de cada região.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Não
custa lembrar que, pela Constituição de 1988, cabem aos estados a prestação das
políticas públicas que mais demandam mão de obra, como a segurança pública e
boa parte da educação básica. Assim, a tradicional acusação de que os estados
empregam servidores em demasia, mesmo que faça sentido, parte de uma estrutura
desfavorável aos governadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
União, portanto, reafirma seu poder em momentos como o atual: oferece auxílio
fiscal, devidamente condicionado à obediência das diretrizes federais de corte
de gastos, quando os estados atingem suas recorrentes bancarrotas. Assim,
governadores petistas que perfilaram com Dilma Rousseff durante o processo de
impeachment, como o aguerrido piauiense Wellington Dias e o sutil Fernando
Pimentel, agora aderem às condições oferecidas por Temer para obter um naco das
receitas federais. Comprometem-se, portanto, a reproduzir em seus estados a
mesma lógica do teto fixo nos gastos públicos que, proposta por Temer para o
governo federal, motivou entre outros protestos a ocupação de milhares de
escolas em todo o país.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
configuração do cenário político nacional, portanto, tende a melhorar para
Temer de agora em diante, já que a maioria dos governadores vai dividir com o
presidente a impopularidade pelos cortes e congelamento de gastos. Temer
esvazia a principal crítica da oposição, pois essa passa em larga medida a
reproduzir as mesmas propostas impopulares do presidente: a PEC 55 se reproduz
antes de completar sua tramitação no Senado.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-47435119206063121592016-11-27T15:47:00.000-08:002016-11-27T15:47:11.176-08:00Os políticos contra-atacam<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 27/11/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">As
cenas de dois ex-governadores do Rio de Janeiro sendo presos e dando encontro à
dura realidade do cárcere, ilustram bem a peculiaridade do momento vivido hoje
no Brasil. Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, políticos ativos e influentes,
representam muito mais do que parlamentares e dirigentes partidários que
fizeram carreira na semiobscuridade dos gabinetes; agora detidos, indicam os
novos limites entre a influência política e o alcance da lei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Trata-se
de uma mudança considerável na forma como a sociedade se relaciona com o Estado.
A lógica privatista, vigente desde o período Colonial, consolidou na cultura
brasileira a noção de que posições de poder significam a posse de setores do
Estado; decorre dessa ideia a diferença na forma como pessoas “comuns” e políticos
eram encarados pelo Poder Público. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Nesse
contexto de mudança, vale observar aqueles que ainda não foram afetados
diretamente pelo Judiciário, e se movimentam para evitar que isso ocorra. Citados
fartamente em delações e investigações, o presidente do Senado Renan Calheiros
e o ex-presidente Lula têm seu futuro observado com atenção pelos demais
políticos, interessados em descobrir os caminhos a serem seguidos quando também
forem acusados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
tradicional estratégia petista de retratar como perseguição política a tudo o
que os desagrada deu escassos resultados. Além de pequenas manifestações, o
máximo que os petistas obtiveram foram declarações de Michel Temer e Aécio
Neves contrárias à prisão do ex-presidente: algo que além de não ter valor
jurídico como defesa, também perde importância política por partir de dois
prováveis concorrentes eleitorais de 2018, que não gostariam de enfrentar um
Lula “com ares de mártir” no futuro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Além
disso, o pirotécnico recurso feito por Lula ao Comitê de Direitos Humanos da
ONU, a ser avaliado em cinco anos, serve mais como exemplo da sensação de
impotência que tomou conta dos políticos: sinal da crença teimosa na existência
de uma instância de poder que reconheça sua “distinta natureza” em relação ao
restante da população, alçando-os novamente a um patamar além do alcance da
Justiça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Renan
Calheiros aproveitou a ocorrência de uma ação da Polícia Federal no Senado para
acusar os “desmandos” do Judiciário, e assim preparar o terreno para uma contraofensiva
mais objetiva do que a dos petistas. A cruzada que Renan começa a empreender
contra os chamados “super salários” do Judiciário representa o caminho
encontrado pelo senador para proceder a seu contra-ataque contra as suspeitas e
investigações que, cada vez mais, envolvem seu partido e seu próprio nome.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Reeditando
a “caça aos marajás” que seu conterrâneo Collor de Mello empreendeu no passado,
Calheiros marcou ponto por tocar em um tema de interesse da população.
Entretanto, reverter esse capital político em termos jurídicos vai depender do
quanto os magistrados brasileiros são ligados a suas posses materiais. Em
campos opostos da torcida, se encontram o povo e os muitos políticos com
pendências morais e legais.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-47205430459730208752016-11-20T04:33:00.003-08:002016-11-20T04:33:43.974-08:00Péssimas previsões e ótimas explicações: o efeito avestruz nas eleições dos EUA<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 20/11/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
vitória de Donald Trump nos EUA causou um tipo de choque poucas vezes visto:
havia meses que imprensa e crítica previam o sucesso de Hillary Clinton, tendo
por fundamento incontáveis pesquisas de opinião. Por exemplo, o tradicional
semanário Time estampou na capa de duas de suas edições o “colapso total” da
campanha de Trump, ilustrado por uma imagem do rosto do candidato em
derretimento. Analistas de política tinham foco sobre o processo de
reconstrução do Partido Republicano, após a derrota tida como certa de Trump.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
consenso em torno da vitória de Hillary Clinton resistiu até que os votos
começaram a ser contados. Desde então, surgiu uma avalanche de explicações para
dar sentido à vitória do republicano, algo que levanta a dúvida: por onde
andava todo esse poder de análise durante a campanha eleitoral? A contradição
entre péssimas previsões eleitorais e boas explicações pós-eleitorais,
separadas apenas por poucos dias, pode ser explicada por um intenso desejo de
negação dos fatos, por parte da maioria dos formadores de opinião dos EUA.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Por
quase oito anos, o governo de Barack Obama serviu como um atestado de que o
povo dos Estados Unidos estava superando seu passado de tolerância em relação
ao racismo e à desigualdade social, tudo isso através do funcionamento da
democracia ianque. Eleger Hillary, portanto, seria mais um passo na mesma
direção. Por isso, durante meses os principais meios de comunicação,
personalidades políticas, artísticas e intelectuais reproduziram a ideia de que
uma vitória de Trump enviaria os EUA para o domínio da barbárie. É fato que
algumas de suas declarações realmente aludiam a essa possibilidade, porém expor
o surrealismo dessa plataforma não conta como uma análise política equilibrada.
A confusão entre desejo e realidade, portanto, levou boa parte dos EUA a negar
fatos importantes e conhecidos, apenas por esses serem incômodos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
maior exemplo foi a questão industrial: Trump foi o único candidato, em
décadas, a prometer protecionismo comercial como forma de recuperar as
indústrias, gerando empregos e melhorando salários. Com isso, Trump reacendeu
esperanças há muito adormecidas nas decadentes regiões industriais dos EUA, que
sofrem os efeitos perversos da globalização, perdendo a concorrência para países
que oferecem mão de obra barata.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Colocar
em prática tal medida é algo, na visão de muitos, impossível. Porém, em uma
campanha política, indicar caminhos e fomentar esperanças é o melhor que um
candidato pode fazer. Essa atitude de Trump, também utilizada em seu bizarro
programa de imigração, foi percebida pelos analistas políticos como uma
inovação capaz de tocar o eleitorado. Mas, nem por isso, reconheceu-se que o
republicano tinha chances de vitória.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Também
a onipresença de Trump nos noticiários, mesmo que sob manchetes negativas, foi
percebida como fato, mas não como ameaça, pelos entusiastas de Hillary. Esses,
afinal, recobraram contato com a realidade quando já era tarde demais, e as
urnas proclamavam seu veredito. <o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-312640997889251482016-11-14T04:45:00.001-08:002016-11-14T04:45:25.718-08:00Muda PT: fora Lula?<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 13/11/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">O ano de 2016 ainda não chegou ao fim,
porém não há dúvida de que entrará para os livros de História. Ainda assim,
parece haver muito por vir: surgiu no Congresso Nacional um movimento de
deputados petistas interessado em discutir urgentemente a organização e os
rumos do partido, principalmente a partir dos desastrosos números que emergiram
das urnas no início de outubro. Essa verdadeira rebelião não parece uma simples
expressão de descontentamento: além de divulgar um manifesto e adotar o nome
Muda PT, esse movimento promete levar as dezenas de deputados que o apoiam a se
retirar do partido, caso não sejam tomadas medidas profundas de reforma nessa
agremiação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Por mais que não se declare, o movimento trata
diretamente da figura do ex-presidente Lula, líder inconteste no partido desde
que foi eleito para o Palácio do Planalto em 2002. Essa data, que marcou o
início da mais próspera era na vida eleitoral e política do partido, também o
lançou em sua maior decadência do ponto de vista intelectual e institucional: por
exemplo, não foram mais realizadas as acaloradas prévias nacionais do PT, nas
quais as diferentes facções disputavam abertamente o direito de indicar o
candidato do partido nas eleições. Essa prática, que muitos criticavam por
acirrar rivalidades, fazia do PT um partido muito diferente dos demais, e foi
justamente com base em suas peculiaridades que o partido cultivou a esperança
em cada vez mais brasileiros ao longo da década de 1990, até cativar a maioria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Em contradição com sua trajetória histórica,
na última década o PT se tornou progressivamente uma agremiação de cunho
personalista, adaptando-se às conveniências pessoais e eleitorais de Lula;
chegou ao ponto de reproduzir a relação que existia entre Leonel Brizola e o
seu PDT. A escolha de Dilma Rousseff como candidata a presidente em 2010 deixou
clara essa situação, uma vez que seu nome contava com a rejeição de
praticamente todos, menos de Lula.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Ao longo dos anos, os petistas
desenvolveram dois tipos de dependência em relação à figura de Lula: sentimental
e eleitoral. Na primeira, trata-se de mais um dos típicos romances que os
militantes de esquerda costumam nutrir em relação às figuras públicas de seus
partidos: uma dinâmica que parece intrínseca a essa corrente política. Já a
dependência eleitoral é de cunho mais concreto, a se baseia na ideia de que o
PT talvez não possua outra figura de amplitude nacional que possa obter um bom
resultado nas urnas. Ambas tendências se reforçam mutuamente, sedimentando um
verdadeiro tabu interno ao PT no que se refere a questionamentos em relação ao
nome do ex-presidente Lula.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Arguto como sempre, Lula percebeu que seu
futuro está em jogo, e agora se movimenta intensamente para manter voz ativa no
processo de transição, e de preferência, também depois desse. De toda forma, o
debate iniciado pelo Muda PT é uma boa novidade, pois promete romper um dos
dogmas da política nacional, abrindo novamente espaço para a diversidade de
pensamentos e opiniões.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2718521058648887173.post-19793618949547667972016-11-08T04:42:00.001-08:002016-11-08T04:42:42.624-08:00Perdedores e ganhadores de 2016<div style="text-align: justify;">
por Paulo Diniz</div>
<div style="text-align: justify;">
(publicado na edição de 06/11/2016 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Os
resultados do primeiro turno das eleições de 2016 indicaram a gravidade da
derrota sofrida pelo PT. As análises buscavam entender as origens e possíveis
desdobramentos desse fenômeno, sobretudo em relação ao panorama de 2018. O que
poucos esperavam, porém, é que o segundo turno traria fatos políticos tão
significativos: a derrota de João Leite em Belo Horizonte representou um revés
profundo na estratégia do senador Aécio Neves para pleitear a Presidência da
República dentro de dois anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Inicialmente,
convém lembrar que o nome de João Leite enfrentava fortes resistências no PSDB
mineiro quando o partido discutia os rumos da campanha municipal. Pesavam
contra Leite as duas tentativas fracassadas de chegar ao comando da capital
mineira, em 2000 e 2004, porém mais importante do que isso era a
responsabilidade que estaria em jogo em 2016: qualquer que fosse o candidato
apoiado pelo PSDB, esse deveria consolidar a suposta liderança de Aécio Neves sobre
o eleitorado de belorizontino, expresso em 2014 pela obtenção de praticamente
70% dos votos válidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Apesar
de tantos fatores em jogo, a escolha dos tucanos por João Leite acabou
acontecendo de maneira um tanto atabalhoada: quando o prefeito Márcio Lacerda
anunciou apoio à candidatura de seu correligionário Paulo Brant, interrompendo
as negociações com o PSDB em torno de uma chapa unificada, rapidamente Leite
ganhou força em seu partido, como reação ao rompimento de Lacerda. Não foi,
portanto, o início ideal para a campanha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
campanha de Alexandre Kalil, proclamando independência em relação a muitas das
lideranças políticas que apoiavam Leite, fez com que o senador Aécio Neves
estivesse em evidência quase constante, em uma dinâmica diferente da
tradicional troca de apoios que caracteriza as alianças eleitorais. É inegável,
portanto, a presença de um certo caráter plebiscitário nas eleições de Belo
Horizonte, confrontando nomes e estilos tradicionais da política com a relativa
novidade encarnada por Kalil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
desgaste sofrido por Aécio em Belo Horizonte reforça a lembrança da derrota
sofrida por ele em Minas dois anos atrás: ambas valem não só pelos números
eleitorais, mas principalmente como prova da dificuldade do senador em
conseguir votos em sua região de origem. O insistente alheamento de Aécio em
relação à política mineira cobra-lhe, novamente, um alto preço. É fato que
outros fatores contribuíram para tais resultados, mas a dinâmica da política
brasileira valoriza resultados, e não desculpas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A
cúpula do PSDB nacional tem agora motivos de sobra para tirar de cogitação o
nome de Aécio das especulações em torno da composição da chapa presidencial
tucana de 2018. No mesmo sentido, o surgimento de delações da Odebrecht
envolvendo o ministro José Serra abala as pretensões de mais um tucano com
força no partido. Agora, o governador paulista Geraldo Alckmin, raro caso de
político que conseguiu alavancar a eleição de um novato para cargo relevante em
2016, desponta como o favorito para liderar o PSDB em 2018.<o:p></o:p></span></div>
Paulo Dinizhttp://www.blogger.com/profile/13308891415258095044noreply@blogger.com0