por Paulo Diniz
(publicado na edição de 29/08/2014 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais)
A
candidatura do petista Fernando Pimentel ao governo de Minas Gerais é o projeto
político de mais longa gestação na história recente do estado. Já em 2008 era
possível ver sinais dessa articulação, como a aproximação com o tucano Aécio
Neves para eleger um aliado comum à prefeitura de Belo Horizonte. Fruto de
planejamento tão demorado, era de se esperar que a campanha de Pimentel
estivesse preparada para persuadir a maioria dos mineiros, distribuídos pelas
dez macrorregiões do estado. Não é esse, entretanto, o quadro que prevalece
após mais de um mês de campanha eleitoral.
A
tônica do discurso de Fernando Pimentel, basicamente, apela ao público que já
tem simpatia em relação ao universo de temas e modos petistas: trata de
participação popular na gestão pública como se o tópico fosse demanda urgente
da população. Dessa forma, Pimentel comete o erro de buscar que o público se
adapte à sua plataforma, ao invés de formular mensagem condizente com as
demandas do povo e acessível à compreensão geral. O candidato petista não tende
a ganhar, com isso, novos eleitores, apenas agrada à plateia cativa de seu
partido, historicamente insuficiente para eleger um governador do PT em Minas.
Mais
grave do que falar apenas aos ouvidos dos seguidores fiéis é manter o foco concentrado
na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A equipe de Pimentel parece ainda
não ter se dado conta de que disputa o governo de um estado que combina a mais
sofisticada tradição política brasileira com desigualdades regionais agudas.
Não basta visitar as maiores cidades do interior e fazer críticas pontuais às
gestões tucanas. Em Minas, cada região demanda um discurso próprio, obrigando o
candidato a disputar dez eleições ao mesmo tempo, uma em cada macrorregião.
O
ator mais importante para o sucesso nessa empreitada é o prefeito municipal,
aliado vital na comunicação com a diversidade do povo mineiro. A força do PSDB
no estado reside principalmente no apoio emprestado por centenas de prefeitos,
de diversos partidos, com o qual os tucanos podem contar durante a gestão e a eleição.
Faz sentido, assim, que a chapa tucana tenha inaugurado recentemente um comitê
de campanha exclusivo para o atendimento a prefeitos municipais.
Engana-se
a plataforma oposicionista quando avalia que o apoio municipalista ao PSDB deriva
apenas das transferências de recursos feitas pelo governo estadual às
prefeituras. Essa visão, simplista e distorcida, tem feito com que a chapa
PT-PMDB acredite que a simples menção aos programas do governo federal seja
capaz de atrair prefeitos para o seu campo; um cenário distante da realidade, marcada
pela deserção de prefeitos do PMDB em favor da chapa estadual tucana.
A
forma como Pimentel conduz sua campanha acaba por justificar as previsões mais
otimistas de vitória elaboradas pelos estrategistas do PSDB. De fato, a estratégia
do candidato petista só deve produzir resultados positivos se o cargo almejado
for o de prefeito da capital mineira, a ser disputado novamente em 2016.