por Paulo Diniz
(publicado na edição de 16/12/2013 do Correio de Uberlândia - Uberlândia, Minas Gerais -, nas edições de 10/12/2013 do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais - e da Folha da Manhã - Passos, Minas Gerais - e na edição de 21/12/2013 do Bocaiúva em Notícias - Bocaiúva, Minas Gerais)
A
sucessão para o Governo de Minas, faltando dez meses para o pleito, se encontra
anormalmente indefinida. Mesmo levando em conta a típica discrição dos
políticos das Alterosas, o atual cenário se destaca: faltam pré-candidatos, e
quando os há, falta a eles vigor e atitude. Esse cenário é fruto de uma série
de coincidências, merecendo uma análise mais cuidadosa.
No
campo governista, a indefinição deriva de um imprevisto de proporções
históricas: a ligação entre Marina Silva e Eduardo Campos, no âmbito nacional,
serviu para frustrar a aliança que se costurava lentamente em Minas, entre PSDB
e PSB. A ausência de um cabeça de chapa tucano nas articulações estaduais, que
certamente cumpriria um papel central no acordo que se gestava, tornou-se
rapidamente um transtorno para o PSDB quando se romperam as negociações.
Busca-se, agora, construir consenso em torno de um nome, através de discussões
que se dão em caráter privado, mas das quais escapam ruídos ao público. A lenta
ascenção de Marcus Pestana, percebida pelos apoios que surgem gradualmente, ainda
está distante de reputar-lhe a condição de pré-candidato do PSDB,
principalmente a julgar pelas recentes declarações feitas por membros-chave do
partido.
Já
a presença cada vez mais constante de Pimenta da Veiga, cotado também como
pré-candidato do PSDB, longe de indicar um rompimento da coesão tucana,
apresenta risco pela demora que traz ao planejamento pré-eleitoral. A indecisão
tucana tem custo, mas ainda não suficiente para tomar ao PSDB a condição de
favorito na disputa mineira.
Na
oposição, o ministro Fernando Pimentel parece ter se firmado como nome do PT na
disputa ao Palácio da Liberdade. Porém, falta-lhe a postura própria de quem
quer governar Minas, marcando posição nas várias regiões do interior, onde
ainda é um desconhecido. Outra hipótese, à parte do recato do ex-prefeito da
capital, seria a de que Pimentel já se consideraria bem conhecido do
eleitorado, sendo assim dispensável uma exposição maior junto ao público. Nesse
caso, seria um grave erro de estratégia: ignorar o ditado segundo o qual “Minas
são muitas”.
Os
oposicionistas enfrentam outro obstáculo na posição do PMDB, que promete lançar
candidatura própria ao Governo do Estado. Sendo, ou não, parte da negociação
para se compor a chapa, esse movimento traz muitos aspectos à tona. Caso se
confirme a candidatura própria do PMDB, o PT encontrará ainda mais dificuldade
para superar seu maior obstáculo: penetrar o interior mineiro, terreno no qual
o astuto PMDB ainda predomina. Decidindo-se por seguir com o PT, é quase certo
que o PMDB ofereça apenas parte de seu apoio: é antiga a existência de uma ala
pró-tucana no partido e, além disso, a interferência de Lula (estranho a Minas
e à sua política) patrocinando a filiação do novato Josué Gomes, apenas aumenta
essa cisão.
Com
tantas variáveis ainda sem definição, uma das poucas certezas é a de que o
acaso poderá desempenhar, em 2014, um papel mais marcante do que nas últimas
disputas estaduais.