sábado, 21 de janeiro de 2012

Eleições Norte-americanas: Vantagem para Obama

por Paulo Diniz
(publicado na edição de 12/01/2012 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais - e na edição de 11/01/2012 do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais)

O processo eleitoral norte-americano, marcado por particularidades em cada estado e, principalmente, por profundas diferenças em relação ao brasileiro, acaba de iniciar a jornada que leva à escolha do sucessor de presidente Barack Obama. Analistas de todo o mundo deverão se dedicar intensamente, a partir de agora, à construção de previsões sobre o resultado que as urnas dos Estados Unidos ditarão sobre os cidadãos de todo o mundo, uma vez que será escolhido o líder do país mais rico e mais poderoso militarmente do planeta.
Aparte de todos os superlativos envolvidos, é bom lembrar que se trata de uma eleição, e para essas, há algumas tendências que se aplicam de maneira praticamente uniforme, em todo o mundo. A primeira dessas é o fator “mandato”: sendo candidato e presidente ao mesmo tempo, Obama pode sempre tratar dos assuntos de campanha com conhecimento total de causa; os problemas e as soluções demandadas pelo país são seus assuntos do dia-a-dia, enquanto que para seu adversário – ainda não escolhido – são temas um pouco abstratos. Por isso, a campanha de Obama tende a parecer mais “clara” aos olhos dos eleitores norte-americanos, pois apenas o atual presidente pode dizer o marcante “eu fiz” em relação às ações recentes de combate à crise econômica, o que gera um enorme grau de confiança.
O segundo aspecto a ser destacado está ligado exatamente às dificuldades enfrentadas por Barack Obama em seus anos de mandato: a grave crise que se abateu sobre os EUA a partir de 2008 o levou a adotar medidas inéditas na história recente desse país, e os resultados obtidos – ainda tímidos – têm alimentado um acalorado debate mundo afora. Diante de tanta incerteza – agravada pela crise européia de 2011 – o mais provável é que o eleitor norte-americano decida por não correr riscos, fazendo uso de uma lógica predominantemente econômica. Dessa maneira, é bem provável que o principal inimigo de Obama – a crise econômica – acabe mesmo por lhe facilitar a reeleição. Caberia como uma luva, assim, o slogan de campanha usado por Lula em 2006: “Não troque o certo pelo duvidoso”.
Por fim, um último aspecto estrutural deve ser levado em conta, também esse amplamente favorável à reeleição de Barack Obama: os grandes temas da década de 2000, relacionados com terrorismo e ameaças externas à segurança, foram definitivamente superados pelas questões econômicas na escala de prioridades do cidadão americano médio. Sendo assim, a principal bandeira dos republicanos no período de George W. Bush perdeu importância, não tendo sido substituída por outro discurso consistente. A obstrução intensa, feita pelos republicanos, a várias ações da administração de Obama não foi suficiente para constituir uma plataforma de oposição propriamente dita e, assim, uma opção de governo realmente tentadora ao eleitorado.
Sendo assim, caso não ocorra nenhum fator extraordinário de grandes proporções, Barack Obama deve mesmo ser reeleito em novembro como presidente dos Estados Unidos. Os fatores estruturais apontados aqui exercem influência decisiva, de forma que, ao menos para os apoiadores do partido Republicano, as previsões para 2012 são catastróficas.


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