sábado, 28 de janeiro de 2012

Afinal, o PT cresce ou diminui com o tempo?

por Paulo Diniz
(publicado na edição de 26/04/2011 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)

  Os adeptos das propostas originais do partido, militantes “históricos”, não perdem oportunidade de acusar a diminuição do PT. Claro, consideram como critério a fidelidade a ideais, sentimentos, que por definição têm sempre algo de intangível. Porém, como valores que são, tais metas têm mesmo que ser continuamente perseguidas, de forma a acabarem por se entranhar em cada atitude do cidadão, por menor que essa seja. Por considerarem perdido tal “sentido”, muitos dos integrantes da “velha guarda” do PT buscaram novos e diferentes caminhos, bem distantes do partido que reduziu demais sua envergadura.
  Há, porém, aqueles que discordam dessa análise redondamente: em seu terceiro mandato presidencial consecutivo, à frente de cinco governos estaduais e, principalmente, do alto da maior bancada da Câmara dos Deputados, o PT de hoje não apenas cresceu, mas se agigantou. A julgar pelo tom das declarações feitas no encontro de prefeitos paulistas do PT, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva se coloca entre os que possuem tal opinião positiva sobre o desenvolvimento do partido.
  Comandante da “expansão petista”, o ex-presidente dá sinais de que não está contente com o sucesso até hoje obtido, e pretende lançar bases ainda mais profundas para o crescimento de seu partido no ano de 2012. Total e formalmente dedicado à campanha política, Lula busca alavancar – não só com seu carisma pessoal, mas com suas experiência e tática – a conquista de centenas de prefeituras pelo PT, consolidando ativos políticos que seu partido nunca chegou a ter; enfim, trata-se da busca por um verdadeiro “pré-sal eleitoral”.
  Resta saber, entretanto, o modelo considerado ideal pelos adeptos do “PT Grande”. Seria o PMDB, detentor de ampla base de apoio, disseminada por milhares de pequenas prefeituras e câmaras municipais Brasil afora? Estaria, assim, o comando petista se dedicando a uma estratégia de “vencer o adversário em seu próprio jogo”, em relação ao PMDB? A julgar pela forma agressiva como participou da disputa por cargos federais no início do corrente ano, o PMDB pode mesmo ser considerado o maior adversário – ou, no mínimo, fonte de preocupações – do PT no âmbito federal.
  Se busca realizar a “independência” em relação ao PMDB, o comando petista pode estar articulando um movimento muito importante, tanto para o partido quanto para o cenário político nacional como um todo. Porém, se o objetivo é o “crescimento do partido” por si só, então o debate está apenas começando.

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