sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Pimentel 2016

por Paulo Diniz
(publicado na edição de 29/08/2014 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais)

A candidatura do petista Fernando Pimentel ao governo de Minas Gerais é o projeto político de mais longa gestação na história recente do estado. Já em 2008 era possível ver sinais dessa articulação, como a aproximação com o tucano Aécio Neves para eleger um aliado comum à prefeitura de Belo Horizonte. Fruto de planejamento tão demorado, era de se esperar que a campanha de Pimentel estivesse preparada para persuadir a maioria dos mineiros, distribuídos pelas dez macrorregiões do estado. Não é esse, entretanto, o quadro que prevalece após mais de um mês de campanha eleitoral.
A tônica do discurso de Fernando Pimentel, basicamente, apela ao público que já tem simpatia em relação ao universo de temas e modos petistas: trata de participação popular na gestão pública como se o tópico fosse demanda urgente da população. Dessa forma, Pimentel comete o erro de buscar que o público se adapte à sua plataforma, ao invés de formular mensagem condizente com as demandas do povo e acessível à compreensão geral. O candidato petista não tende a ganhar, com isso, novos eleitores, apenas agrada à plateia cativa de seu partido, historicamente insuficiente para eleger um governador do PT em Minas.
Mais grave do que falar apenas aos ouvidos dos seguidores fiéis é manter o foco concentrado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A equipe de Pimentel parece ainda não ter se dado conta de que disputa o governo de um estado que combina a mais sofisticada tradição política brasileira com desigualdades regionais agudas. Não basta visitar as maiores cidades do interior e fazer críticas pontuais às gestões tucanas. Em Minas, cada região demanda um discurso próprio, obrigando o candidato a disputar dez eleições ao mesmo tempo, uma em cada macrorregião.
O ator mais importante para o sucesso nessa empreitada é o prefeito municipal, aliado vital na comunicação com a diversidade do povo mineiro. A força do PSDB no estado reside principalmente no apoio emprestado por centenas de prefeitos, de diversos partidos, com o qual os tucanos podem contar durante a gestão e a eleição. Faz sentido, assim, que a chapa tucana tenha inaugurado recentemente um comitê de campanha exclusivo para o atendimento a prefeitos municipais.
Engana-se a plataforma oposicionista quando avalia que o apoio municipalista ao PSDB deriva apenas das transferências de recursos feitas pelo governo estadual às prefeituras. Essa visão, simplista e distorcida, tem feito com que a chapa PT-PMDB acredite que a simples menção aos programas do governo federal seja capaz de atrair prefeitos para o seu campo; um cenário distante da realidade, marcada pela deserção de prefeitos do PMDB em favor da chapa estadual tucana.
A forma como Pimentel conduz sua campanha acaba por justificar as previsões mais otimistas de vitória elaboradas pelos estrategistas do PSDB. De fato, a estratégia do candidato petista só deve produzir resultados positivos se o cargo almejado for o de prefeito da capital mineira, a ser disputado novamente em 2016.

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