(publicado na edição de 02/04/2015 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais - e da edição 05/04/2015 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)
A despeito
do que manda a ansiedade típica do mundo político, o desenho de qualquer
previsão para as eleições municipais de 2016 seria ainda muito prematuro. Após
a derrota do PSDB em Minas, no ano passado, é fato que as disputas locais
representam uma crucial chance de recuperação para o partido, com vistas a
2018. Porém, a consideração do que está em jogo não contribui em nada para que
se preveja com maior precisão os acontecimentos futuros. Em Belo Horizonte,
palco importante mas não decisivo da política mineira, são vários os
postulantes de cada partido ao comando da capital mineira: PT e PSDB, por
exemplo, têm cada um vários pré-candidatos, que não desmentem junto à imprensa
os boatos que indicam o desejo de concorrer à prefeitura da capital.
Em meio a
esse ambiente, chama a atenção a atuação política do atual prefeito, Márcio
Lacerda. Além de ter convocado
recentemente uma reunião de seu partido, o PSB, Lacerda também promoveu
encontro com vereadores da bancada evangélica, para tratar da polêmica sobre o
corte dos subsídios municipais a eventos religiosos. Ambos acontecimentos
marcam uma mudança significativa na postura do prefeito nos primeiros meses de
2015: tradicionalmente, Lacerda não apenas mantém distância dos eventos partidários,
como também pouco se envolve no relacionamento com o Legislativo; agia assim
mesmo quando era urgente uma boa relação com a Câmara dos Vereadores para a
manutenção de seus planos prioritários de governo. Nunca antes o prefeito
necessitou tão pouco se envolver pessoalmente com as articulações políticas do
dia a dia, porém é exatamente a partir final de seu segundo mandato que Márcio
Lacerda se torna mais político do que nunca.
Há quem
diga que o atual prefeito da capital quer comandar seu processo sucessório, a
ocorrer no próximo ano. A questão maior, entretanto, trata das motivações por
detrás do cálculo político de Márcio Lacerda: por que, para alguém que rejeitou
apelos para se candidatar ao comando do estado em 2014, eleger o sucessor na
PBH passou a ser tão importante? O legado administrativo do prefeito é
indiscutível e definitivo. Seria contraditório supor que Lacerda se envolveria
tanto com a política apenas para preservar as conquistas de sua gestão, já que
mesmo quando estava em jogo a realização de tais obras, seu envolvimento com os
políticos era mínimo.
A hipótese
mais provável, contrariando o que ficou evidente em 2014, é que Márcio Lacerda
tem vivo interesse em prosseguir com uma carreira na política eleitoral. A
eleição de um sucessor aliado em 2016 seria, assim, uma estratégia de continuidade
da atual administração, mantendo vivo o nome de Lacerda junto à população. Devidamente
cacifado, Márcio Lacerda poderia se tornar uma referência natural na disputa de
2018 pelo Palácio da Liberdade. Confirmando-se esse cenário, podemos esperar
que o atual prefeito desempenhe cada vez mais o papel de protagonista no
cenário político mineiro dos próximos anos, agora livre das amarras que o tolheram
em 2014.
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