por Paulo Diniz
(publicado na edição de 16/04/2014 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais - na edição de 25/04/2014 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais - e na edição de 26/04/2014 do Diário de Caratinga - Caratinga, Minas Gerais - e do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais)
Cotado
como o vice ideal do tucano Aécio Neves, o ex-governador pernambucano Eduardo
Campos, do PSB, viu sua sorte mudar em 2013 devido a fatores que fugiam a seu
controle. Desde meados de 2012, costurava uma articulação com o PSDB, o que
podia ser medido a partir do termômetro do PSB mineiro: esse alterou sua
direção estadual, lançou candidato à presidência da Câmara dos Deputados e,
mais de uma vez, anunciou interesse em levar o prefeito da capital mineira a
concorrer ao governo estadual. Era possível ver o protagonismo de articuladores
tradicionalmente próximos do PSDB mineiro, como o deputado Júlio Delgado e o
ex-secretário de estado de Aécio, Márcio Lacerda. Podia-se prever, então, o
apoio tucano a um candidato do PSB em Minas, como parte do acordo que levaria
Eduardo Campos à candidatura como vice-presidente. O afinamento do discurso de
Aécio e de Campos em 2013, quando disseram ser favoráveis ao fim da reeleição,
sugeria também uma troca de apoios no futuro próximo.
Marina
Silva, até então entretida na cruzada pela criação de um novo partido e pela
reinvenção da política no Brasil, tem sua iniciativa frustrada pelo Superior
Tribunal Eleitoral, e filia-se em outubro último ao PSB de Eduardo Campos.
Repentinamente, a pré-candidatura do governador de Pernambuco deixa a condição
de coadjuvante para assumir o posto de protagonista, já que a adesão da maior
surpresa eleitoral de 2010 deu a Campos uma promissora plataforma nacional.
Quanto
ao futuro, inicialmente é preciso considerar a força de Eduardo Campos sobre o
eleitorado pernambucano, que lhe confere votações que beiram a unanimidade;
nesse sentido, trata-se da primeira ocasião em uma década na qual o PT deverá
sofrer uma sangria eleitoral nesse importante estado. Ainda no que se refere a
essa região, Eduardo Campos também tende a atrair os votos de eleitores
nordestinos esparsos, desejosos de um conterrâneo no comando do país. O forte
controle com o qual Campos exerce a presidência nacional do PSB também deve
gerar palanques fortes nos outros quatro estados governados pelo partido.
O
desafio da candidatura de Eduardo Campos sempre foi o de expandir sua
influência pelo país, e nesse sentido, sua parceira de chapa cumpre papel decisivo.
Resta saber se os simpatizantes de Marina, sequiosos por mudanças profundas no
Brasil, confiarão em Eduardo Campos. Se confirmada, essa variável pode mesmo
alçar a chapa Campos-Marina à condição de favorita.
Por
fim, o fator “terceira via” tende a fazer com que o candidato do PSB receba os
votos daqueles que se cansaram do caráter plebiscitário das últimas eleições.
Os ataques mútuos entre PT e PSDB trazem o risco de convencer os eleitores de
que ambos estão certos e, portanto, uma alternativa seria bem vinda.
Eduardo
Campos tem, assim, chances reais de conquistar a Presidência, principalmente diante
do desgaste pelo qual passa o PT após três mandatos consecutivos. Considerando o
que já aconteceu na trajetória de Campos, não há exagero em dizer que tudo é
possível.
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