por Paulo Diniz
(publicado nas edições de 18/03/2014 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais - de 20/03/2014 do Diário de Teófilo Otoni - Teófilo Otoni, Minas Gerais - de 21/03/2014 do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais - de 28/03/2014 da Tribuna de Minas - Juiz de Fora, Minas Gerais - e de 30/03/2014 do Correio de Uberlândia - Uberlândia, Minas Gerais)
Recentemente, a divulgação de
pesquisa eleitoral para a Presidência da República causou furor entre os apoiadores
de Dilma Rousseff: comemoraram a possibilidade de reeleição em primeiro turno,
apontada pelos números. A oposição repetiu a velha afirmação segundo a qual
pesquisas realizadas com grande antecedência têm pouco valor, pois o eleitor
brasileiro forma sua opinião às vésperas do pleito. De fato, os números obtidos
em fevereiro têm quase a mesma validade que um palpite para a Copa do Mundo. Entretanto,
há fatores que fazem da disputa de outubro uma incógnita ainda maior do que as
demais eleições.
É importante perceber os sinais
de que o Brasil, aparentemente, completou um ciclo, estando a população ávida
por mudanças. Percebe-se isso porque a principal “oferta” que os governos
petistas colocaram ao povo não mudou em sua essência: o “pacote” de programas
sociais vem sendo executado há quase 12 anos e, sabe-se com segurança, produziu
resultados significativos. A população está, assim, cada vez mais saciada de
programas sociais, de forma que a intensificação desses não deve funcionar como
um trunfo da campanha de Dilma, mas sim como uma vulnerabilidade: perceber essa
carência de “algo novo” do eleitorado brasileiro é um ponto chave para a
reeleição da atual presidente.
Vivemos momento eleitoral
semelhante ao do princípio da década passada: a estabilização econômica havia
sido o grande trunfo nas eleições dos anos 1990, garantindo a Fernando Henrique
Cardoso duas vitórias acachapantes; em 2002, o público já queria mais do que
uma moeda forte, e Lula surgiu como “o homem certo na hora certa”, propondo
grandes mudanças. Desde então, o crescimento da classe média e a superação da
extrema pobreza foram grandes avanços, mas como o Plano Real em sua época, já
deixaram de ser considerados como suficientes pela maioria da população. A
diversificação dos benefícios sociais adotada pelo governo Dilma, com o
lançamento recente do “vale cultura”, representa “mais do mesmo”, e não a
inovação que os brasileiros demandam.
A oposição, por sua vez, poderá
incorporar mais facilmente a renovação desejada pelo eleitorado: tanto Aécio
Neves quanto Eduardo Campos são estreantes na arena nacional, enquanto Marina
Silva já mostrou, em 2010, sua grande capacidade de atrair as esperanças
populares. O tucano mostrou estar atento para tal cenário, pois em suas
primeiras declarações como pré-candidato, se anunciava como representante de um
movimento “pós-Lula”, e não apenas um antagonista. Campos e Marina, como
ex-integrantes do governo federal, podem encarnar ainda melhor a promessa de
evolução da plataforma petista, porém ainda não concentraram o discurso nesse
sentido.
A julgar pelo teor das
manifestações de 2013, a melhoria nas condições de vida nos grandes centros
urbanos parece ser uma temática marcante desse desejo nacional por novidades. O
candidato que priorizar tais propostas, nos três meses de campanha do segundo
semestre, deve ocupar realmente a posição de favorito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário