por Paulo Diniz
(publicado na edição de 23/08/2012 do Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)
Discretos, objetivos e,
de forma alguma, carismáticos: os candidatos que polarizam a disputa pela
Prefeitura de Belo Horizonte têm bastante em comum. Diferente do embate de
2008, quando estilos pessoais radicalmente opostos se confrontaram, na atual
eleição a sobriedade impera. Uma vez que Márcio Lacerda e Patrus Ananias são
ambos desprovidos do dom de “incendiar as massas” de eleitores quando estão no
palanque, o que cada um deles conseguir agregar à sua imagem fará toda a
diferença nas urnas.
O principal
trunfo da campanha de Patrus está estampado em todo o material de propaganda
petista: o apoio da Presidente Dilma Rousseff e, principalmente, do
ex-presidente Lula. São apoios de peso, voltados principalmente para
potencializar o maior capital político de Patrus Ananias diante do eleitorado
belo-horizontino: sua gestão frente à Prefeitura no início da década de 1990.
Nesse sentido, a vantagem do petista sobre Márcio Lacerda é enorme, pois o
principal aliado do atual prefeito, o Senador Aécio Neves, pouco tem se
envolvido na disputa pelo comando da Capital mineira. Também no campo de
Lacerda, o Governador Antônio Anastásia pouco fez além de bebericar um ou dois
cafezinhos na Praça Sete, na companhia de seu candidato preferido.
O eleitor belo-horizontino, entretanto, parece
indiferente a tal jogo de forças: em sucessivas pesquisas eleitorais, tem
demonstrado apoio significativo a Márcio Lacerda. Uma explicação bastante
sensata parece vir do poder que o eleitor atribui ao “aqui e agora”, ou seja,
aquilo que se pode ver, sentir e experimentar imediatamente. A grande
quantidade de obras realizadas em Belo Horizonte hoje oferece ao cidadão uma
imagem muito nítida como poderá vir a ser um segundo mandato de Márcio Lacerda;
uma visão naturalmente associada às idéias de progresso e dinamismo.
A administração de Patrus Ananias à frente da
Prefeitura de Belo Horizonte representa, para a maioria das pessoas, um
conceito distante da realidade atual: uma inovação como o Orçamento
Participativo, por exemplo, só é valorizada por quem vivenciou sua construção
de perto. Querer que, para o eleitor, o passado seja mais empolgante que o
futuro é, sem dúvida, um exercício de auto-ilusão. No mesmo sentido atuam os
apoios de Dilma e Lula, notórios por negarem durante uma década a realização do
maior sonho do belo-horizontino, a ampliação do metrô; pior, a dupla de
presidentes petistas privilegiou, nesse período, o financiamento de obras
semelhantes em várias outras cidades brasileiras, e até na Venezuela.
É bom lembrar que as eleições municipais têm um
caráter marcadamente gerencial, sendo relativo o valor de trunfos políticos,
históricos e simbólicos. Vivendo o dia-a-dia da cidade, o eleitor
belo-horizontino parece basear suas expectativas nos problemas concretos que
enfrenta, construindo sua opinião com muito pragmatismo. Em suma, trata-se de
um jogo no qual os “coringas” políticos têm poder limitado, sobretudo se
confrontados com tratores e rolos-compressores.
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