quarta-feira, 4 de abril de 2012

Capitais cruciais

por Paulo Diniz
(publicado na edição de 04/04/2012 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais - e do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais)

Os acontecimentos recentes do cenário político brasileiro deram as primeiras cores ao quadro da campanha eleitoral de outubro, mas principalmente, influíram de forma decisiva na próxima disputa presidencial. Em duas capitais brasileiras de grande importância política, o processo de formação de alianças teve avanços significativos: Belo Horizonte e São Paulo têm servido de indicadores diretos da forma como se movimentam as forças políticas nacionais com vistas a 2014.
Em Belo Horizonte, a aliança de 2008 entre PSDB e PT em torno do candidato Márcio Lacerda (PSB) atraiu as atenções do Brasil para uma tendência que se desenhava na capital mineira. Tratada como “convergência” e encabeçada pelo governador tucano Aécio Neves e pelo prefeito petista Fernando Pimentel, essa aliança gerou especulações quanto aos interesses de cada parte; o palpite predominante versava sobre uma troca de apoios em 2014, quando o tucano buscasse a Presidência, e o petista, o Governo Estadual. Após quatro anos, a grande questão gira em torno da permanência desse compromisso, principalmente após os desgastes sofridos durante a convivência na administração municipal.
Aprovada a renovação da aliança com o PSB, permaneceu o debate entre os petistas belo-horizontinos sobre a continuidade da parceria com os tucanos. A discussão ficou marcada pela declaração de uma destacada liderança, que deixou clara sua desconfiança em relação ao PSDB ao afirmar não haver garantias de que, em 2014, os tucanos não lancem candidato próprio ao Governo do Estado. Em poucas palavras, sua dúvida confirma o acordo de troca de apoios negociado em 2008, pois apenas questiona se esse será mesmo cumprido.
A proposta de “convergência” permanece viva, dependendo agora da sobrevivência do Ministro Fernando Pimentel às denúncias de corrupção que surgem contra ele, e que já vitimaram vários no governo de Dilma Rousseff. É bom lembrar que o fator tempo tem papel crucial: uma suposta queda de Pimentel, se ocorrida depois das eleições municipais, poderia produzir o melhor dos cenários aos tucanos, uma vez que esses estariam desobrigados de realizar sua parte do trato perante um candidato petista “inviável”.
Em São Paulo, o destaque cabe à vitória de José Serra nas primárias do PSDB para escolha do candidato a prefeito da capital. Após aguardar que a posição petista se solidificasse em favor do ex-Ministro da Educação Fernando Haddad, figura polêmica devido aos escândalos envolvendo a realização do ENEM, e muito menos popular do que outros nomes do PT, José Serra  anuncia seu desejo de concorrer em outubro próximo. Caso indicasse seus planos com antecedência, Serra certamente colocaria seus adversários em posição de alerta, e provavelmente o indicado pelo PT à prefeitura paulistana seria outro.
Resta agora ao PT uma batalha gigantesca para reverter o favoritismo de José Serra, e assim evitar que a maior cidade do país se torne um palanque privilegiado do PSDB em 2014. Assim, mais um prognóstico favorável se forma em relação a Aécio Neves, provável ocupante desse palanque articulado por Serra.

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