por Paulo Diniz
(publicado na edição de 04/04/2012 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais - e do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais)
Os
acontecimentos recentes do cenário político brasileiro deram as primeiras cores
ao quadro da campanha eleitoral de outubro, mas principalmente, influíram de
forma decisiva na próxima disputa presidencial. Em duas capitais brasileiras de
grande importância política, o processo de formação de alianças teve avanços
significativos: Belo Horizonte e São Paulo têm servido de indicadores diretos
da forma como se movimentam as forças políticas nacionais com vistas a 2014.
Em Belo Horizonte, a
aliança de 2008 entre PSDB e PT em torno do candidato Márcio Lacerda (PSB)
atraiu as atenções do Brasil para uma tendência que se desenhava na capital
mineira. Tratada como “convergência” e encabeçada pelo governador tucano Aécio
Neves e pelo prefeito petista Fernando Pimentel, essa aliança gerou especulações
quanto aos interesses de cada parte; o palpite predominante versava sobre uma
troca de apoios em 2014, quando o tucano buscasse a Presidência, e o petista, o
Governo Estadual. Após quatro anos, a grande questão gira em torno da
permanência desse compromisso, principalmente após os desgastes sofridos durante
a convivência na administração municipal.
Aprovada a
renovação da aliança com o PSB, permaneceu o debate entre os petistas belo-horizontinos
sobre a continuidade da parceria com os tucanos. A discussão ficou marcada pela
declaração de uma destacada liderança, que deixou clara sua desconfiança em
relação ao PSDB ao afirmar não haver garantias de que, em 2014, os tucanos não
lancem candidato próprio ao Governo do Estado. Em poucas palavras, sua dúvida
confirma o acordo de troca de apoios negociado em 2008, pois apenas questiona
se esse será mesmo cumprido.
A proposta de
“convergência” permanece viva, dependendo agora da sobrevivência do Ministro
Fernando Pimentel às denúncias de corrupção que surgem contra ele, e que já
vitimaram vários no governo de Dilma Rousseff. É bom lembrar que o fator tempo tem
papel crucial: uma suposta queda de Pimentel, se ocorrida depois das eleições
municipais, poderia produzir o melhor dos cenários aos tucanos, uma vez que
esses estariam desobrigados de realizar sua parte do trato perante um candidato
petista “inviável”.
Em São Paulo, o destaque
cabe à vitória de José Serra nas primárias do PSDB para escolha do candidato a
prefeito da capital. Após aguardar que a posição petista se solidificasse em
favor do ex-Ministro da Educação Fernando Haddad, figura polêmica devido aos escândalos
envolvendo a realização do ENEM, e muito menos popular do que outros nomes do
PT, José Serra anuncia seu desejo de
concorrer em outubro próximo. Caso indicasse seus planos com antecedência,
Serra certamente colocaria seus adversários em posição de alerta, e
provavelmente o indicado pelo PT à prefeitura paulistana seria outro.
Resta agora ao
PT uma batalha gigantesca para reverter o favoritismo de José Serra, e assim
evitar que a maior cidade do país se torne um palanque privilegiado do PSDB em
2014. Assim, mais um prognóstico favorável se forma em relação a Aécio Neves, provável
ocupante desse palanque articulado por Serra.
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