por Paulo Diniz
(publicado na edição de 17/06/2014 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)
Pesquisas
eleitorais sobre a disputa para a Presidência da República têm sido divulgadas
com frequência quinzenal, colocando os nervos das equipes de campanha à flor da
pele. Apesar da complexidade da elaboração desses levantamentos, seus
resultados contém elementos que são quase constantes, o que torna possíveis
algumas previsões.
Considerando
a soma final dos votos, no cenário de polarização dos últimos pleitos, verifica-se
percentuais mínimos de 30% para o candidato do PT e 40% para o candidato do
PSDB. A julgar pelo quão invariáveis têm sido tais números, temos que esses não
indicam a aprovação aos candidatos da vez, mas sim aos dois principais partidos
do Brasil. É fato que o sistema partidário brasileiro é marcado por seu baixo
conteúdo programático, porém a polarização que têm assumido PT e PSDB produz
apelo à rivalidade entre esquerda e direita; essa sim, bastante viva na cultura
política brasileira.
É
importante destacar, como exemplo, que mesmo a insossa campanha do tucano
Geraldo Alckmin em 2006 distanciou-se pouco do patamar mínimo da votação
tradicional do PSDB: computou, ao final do segundo turno, 39,17% dos votos
válidos, mesmo tendo como oponente um Lula catapultado pelos bons resultados da
economia. No mesmo sentido, nas derrotas que o líder petista sofreu para Fernando
Henrique Cardoso em 1994 e 1998, ambas em primeiro turno, Lula sempre se
manteve próximo à casa de 30% dos votos válidos. Agregando eleitores como
torcidas de futebol rivais, PT e PSDB acabam por disputar, de fato entre si, a preferência
de uma fração de apenas 30% do eleitorado; trata-se daqueles que não se orientam
pela polarização entre os dois partidos.
Em
2014, um fator que poderia interferir nessa disputa seria a consolidação de uma
terceira candidatura, porém, essa perspectiva ainda não dá sinais de
viabilidade. É preciso destacar, também, a presença de um grande número de
candidatos de partidos de menor expressão. De acordo com a última pesquisa
divulgada, a soma dessas nove candidaturas alcançava o total de 9% de intenções
de voto, sinal de que o eleitorado não-polarizado pode vir a dispersar sua
preferência entre vários candidatos diferentes. Representantes de movimentos
religiosos ou facções políticas extremas, tais candidatos buscam mesmo atrair votos
para seus partidos, aumentado suas bancadas parlamentares. Entretanto, ao
agregar contingentes de eleitores, esses candidatos à Presidência acabam por
reduzir a margem de eleitores a ser disputada entre Aécio e Dilma, deixando-os
mais próximos dos patamares mínimos de apoio da população a seus partidos.
Concentrar
o esforço eleitoral sobre o público que tanto pode votar em Dilma quanto em
Aécio deve ser uma opção capaz de gerar não apenas melhores resultados nas
urnas, como também uma campanha mais propositiva. Em 2014, o candidato com
maiores chances de sucesso deverá ser aquele que mais se empenhar no
convencimento dos 30% não-dogmáticos do eleitorado, utilizando argumentos e
deixando de atacar seu oponente.
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