por Paulo Diniz
(publicado na edição de 03/10/2012 do Hoje em Dia - Belo Horizonte, Minas Gerais)
Pesquisas de opinião de
diversas fontes indicam que Hugo Chávez, no poder na Venezuela desde 1999, se
aproxima de sua quarta eleição presidencial com a expectativa de conhecer uma
inédita derrota nas urnas. Ícone da onda de populismo que tomou a América
Hispânica durante a última década, Chávez foi apoio decisivo para a implantação
de regimes semelhantes ao venezuelano na Bolívia, Equador, Paraguai e
Nicarágua, além de ter oferecido assistência crucial à sempre combalida
economia cubana. Sem dúvida, um ator político que alterou profundamente o
cenário ao seu redor.
Como político populista
clássico, Chávez construiu sua carreira em torno do culto à própria
personalidade, criando na população uma relação pessoal e de dependência para
com seu líder, dotado de qualidades sobre-humanas. Nesse sentido até mesmo os
restos mortais de Simon Bolívar foram exumados por Chávez, em uma tentativa de
associar sua imagem à do herói nacional. Trata-se do fenômeno descrito como
“dominação carismática” pelo sociólogo alemão Max Weber: ao mesmo tempo que
produz altos níveis de fidelidade popular, tal tipo de poder é pessoal e
intransferível, precisamente por se basear nos sentimentos que o povo devota a
seu governante.
Entretanto, a grave
doença diagnosticada em Hugo Chávez em 2011 funcionou como duro golpe sobre as
bases “carismáticas” de seu poder. Subitamente, o presidente passou a ser visto
como um ser humano comum, passível dos mesmos riscos e limitações; muito
diferente do perfil digno de super-herói, divulgado por uma mídia controlada
pelo governo.
A campanha presidencial
na Venezuela tem sido um lembrete ao eleitor das limitações do “mito
carismático” de Hugo Chávez: é incessante o ritmo de viagens do jovem Henrique
Capriles, líder nas últimas pesquisas de preferência popular, o que mostra seu
vigor físico e estabelece clara contraposição em relação ao atual presidente.
Não é à toa que grupos partidários de Chávez têm tentado, de várias formas,
restringir a mobilidade de seu oponente pelo país.
Para além do destino
pessoal de Hugo Chávez, é importante pensar o futuro das estruturas políticas,
sociais e estatais implantadas por esse, e que agora devem passar por reformas
– dissociando-as do assistencialismo populista – sem afetar os benefícios
concedidos à população carente.
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