por Paulo Diniz
(publicado na edição de 04/10/2012 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais - e na edição de 03/10/2012 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais - e do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais)
As eleições municipais se
aproximam em Minas Gerais, e com essas, a formação do cenário no qual
acontecerá a disputa presidencial de 2014. A princípio, essa deve ser a
primeira ocasião na qual não estarão presentes personagens de destaque do
período de redemocratização brasileira, o que configura uma interessante
renovação na política nacional.
O sucesso do
Senador Aécio Neves, principal postulante à Presidência da República no campo
da oposição, depende de uma sólida base de apoio em seu estado de origem, até
mesmo para vencer a resistência das lideranças paulistas que tradicionalmente
dominam seu partido, o PSDB. O futuro de Aécio está associado diretamente aos
resultados que surgirão das urnas nos 853 municípios mineiros. Mais do que
eleger apoiadores, entretanto, será preciso conquistar aliados, fiéis o
suficiente para romper com a “dupla fidelidade” criada em 2010, que levou
muitos prefeitos mineiros a apoiar a chapa informal “Dilmasia”: um tucano no
Palácio da Liberdade, e uma petista no Planalto. O conflito evitado em 2010
deverá ocorrer obrigatoriamente em 2014, e a lealdade dos prefeitos mineiros
será peça fundamental em qualquer estratégia eleitoral.
Considerando
esse cenário geral, pode-se perceber que os objetivos tucanos apresentam boas
chances de se concretizarem: na maioria das grandes cidades mineiras,
candidatos que compõem sua base estadual de apoio aparecem como favoritos para
a vitória, com destaque para a capital, onde o PT se retirou por completo da
administração municipal, após praticamente duas décadas, como resultado das
turbulentas articulações pré-eleitorais. Também deve ser notada a liderança do
PSDB nas vizinhas Betim e Contagem, cidades metropolitanas com grande
eleitorado operário e tradicionais administrações petistas, que caminham para
ter prefeitos tucanos durante a campanha presidencial de 2014.
A base de
apoio do PSDB mineiro também promete avanços significativos nas cidades de
Governador Valadares, Montes Claros, Teófilo Otoni e Varginha, grandes colégios
eleitorais que se encontram sob o comando de prefeitos de oposição. O grande
contraponto a essa perda de espaço do PT parece vir de duas das maiores cidades
mineiras, Uberlândia e Juiz de Fora: em ambas campanhas locais, a participação
ativa do Senador Aécio Neves e do governador Antônio Anastasia não têm tido
efeito para reverter o prognóstico negativo que se coloca diante dos candidatos
tucanos, falando mais alto o desejo do eleitorado de experimentar o chamado
“modo petista de governar”.
A riqueza da política mineira não permite que se trace
previsões confiáveis tendo por base apenas os maiores colégios eleitorais do
estado; cada uma das 853 cidades de Minas é um universo político por si só, com
suas próprias dinâmicas e rivalidades locais. Porém, é inegável o esforço do
PSDB mineiro em conquistar mais espaço junto às administrações municipais do
que em qualquer passado recente. Os últimos resultados das pesquisas eleitorais
mostra que a o projeto do partido para 2014 é uma empreitada que deve ser
levada a sério, tanto por aliados quanto por adversários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário