por Paulo Diniz
(publicado na edição de 25/07/2012 do Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais - e na edição de 26/07/2012 do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais)
O assunto
predominante durante a etapa inicial das campanhas municipais tem sido a
“nacionalização” das disputas em várias cidades: lideranças do alto escalão
petista e tucano têm buscado se envolver nas estratégias de seus candidatos a
prefeito preferidos, criando bases de apoio para o futuro. Tais comportamentos
não podem ser assumidos abertamente, pois significaria dizer que os problemas
da gestão local estão em segundo plano, se comparados com os interesses
partidários de amplitude estadual e federal.
Entretanto,
quem não se prende às amarras de tal dilema é o PSB, capitaneado pelo
governador pernambucano Eduardo Campos. Em várias grandes cidades brasileiras,
o PSB rompeu alianças tradicionais com o PT, em favor do lançamento de
candidaturas próprias – independentes, ou em associação com o PSDB. A
dramaticidade dos acontecimentos pré-eleitorais em Belo Horizonte
chamou a atenção para essa tendência, repetida também na vizinha Contagem, e
nas capitais nordestinas de Recife e Fortaleza. Questionado sobre a
coincidência dessas conjunturas políticas municipais, Eduardo Campos responde
com críticas generosas ao PT e à convivência administrativa com seus quadros.
O fato de
Campos pouco dizer sobre as possibilidades de aliança com os tucanos constitui,
na verdade, um silêncio eloqüente; afinal, alguns fatos falam por si mesmos. O
crescimento do PSB durante a administração Lula foi notável, especialmente em
estados governados pelo partido, como Pernambuco e Ceará. Entretanto, em
aliança com o PT, o PSB atingiu seu limite de crescimento, indo fatalmente em
rota de colisão com o “parceiro principal” do Governo Federal – o PMDB – caso
queira mais espaço ao lado de Dilma Rousseff. No mesmo sentido, uma hipotética
vitória do PSDB na corrida presidencial de 2014 poderia representar espaço ampliado
na esfera federal para o partido de Eduardo Campos, distante da incômoda
convivência com o PMDB.
Interessante
considerar que o PSB tem a oferecer justamente aquilo que mais faltou aos
tucanos em suas últimas campanhas presidenciais: aceitação por parte do
eleitorado do Nordeste. Dono de maiorias praticamente unânimes em Pernambuco,
Campos traz consigo também o Ceará dos irmãos Ciro Gomes – governador entre
1991 e 1994 – e Cid Gomes – governador desde 2007.
Considerando perfis pessoais, uma aliança entre
Aécio Neves – o principal presidenciável do PSDB – e Eduardo Campos seria
marcada pelo atrativo da “renovação” na política brasileira: ambos figuram como
destaques da uma “nova geração”, cujas carreiras foram construídas inteiramente
no período de democracia pós-1985. Ainda não se sabe qual impacto tal discurso
pode ter sobre o eleitor, porém é inegável a existência de uma forte tendência
de aproximação entre PSB e PSDB, visível a partir de diferentes contextos
municipais, além das muitas vantagens que ambos podem obter desse pacto. O
progresso de tal aliança depende, assim, muito mais do resultado das urnas em
outubro, do que da vontade dos parceiros em se coligarem.
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