por Paulo Diniz
(publicado na edição de 14/05/2012 do Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais -, na edição de 16/05/2012 do Jornal de Uberaba - Uberaba, Minas Gerais - e na edição de 12/05/2012 do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais)
Um grupo de investidores
norte-americanos anunciou recentemente projeto para levar a atividade de
mineração ao espaço sideral, retirando de asteróides elementos de alto valor de
mercado, como a platina. A vida, assim, imita a ficção, impulsionada por uma
das mais vorazes atividades econômicas do homem. Diante dessa perspectiva,
convém analisar a situação do setor minerador em nosso planeta, mais
precisamente, em Minas
Gerais.
Muitos defendem a expansão da atividade extrativa
tendo por base a riqueza que essa gera, os empregos que cria e seu efeito
multiplicador sobre a economia de regiões inteiras. Nesse sentido, opor-se à
mineração significa aliar-se ao atraso, negar a chance de uma vida melhor a
milhares de famílias, tendo como compensação slogans ambientais e sociais
abstratos. Trata-se de uma discussão difícil, pois as grandes empresas do setor
alegam deter soluções técnicas para todos os problemas ambientais, restando o
medo irracional da mudança como força contrária à mineração.
Não convém manter um embate de cunho técnico:
desses, só os especialistas participam, enquanto que dos efeitos – sobretudo os
negativos – participam todos. O que deve ser analisado, aqui, é o campo das
escolhas à disposição da sociedade mineira. Nesse contexto, merece destaque uma
frase muito citada, porém poucas vezes explicada em seu significado: “minério
não dá duas safras”, proferida pelo governador mineiro Arthur Bernardes em
1920.
A frase se tornou símbolo de um nacionalismo
extremado, pois foi dita no âmbito da oposição que o governador de Minas fazia
ao grande projeto de exploração da região de Itabira pelo magnata
norte-americano Percival Farquhar. Porém, o questionamento de Bernardes não se
referia ao empreendimento em si, mas sim à sua formatação: Farquhar planejava
exportar o minério in natura para os países industrializados e, se
possível, instalar uma pequena siderurgia no Espírito Santo. Através do
governador Arthur Bernardes, a sociedade mineira rejeitava a oferta do
empresário norte-americano, considerando que os benefícios eram pequenos em
comparação com os prejuízos causados pela mineração.
É justamente
essa discussão, eminentemente política, que deve ser feita hoje. Grandes
projetos mineradores têm sido anunciados em todo o estado, porém centrados na
simples retirada e exportação do produto. Novamente, as poucas indústrias
previstas para serem instaladas devem ficar no Espírito Santo e Rio de Janeiro,
enquanto o dano ambiental ocupará o lugar das montanhas. Dentre as visões de
progresso possíveis, é essa a escolha de Minas?
O debate de
ordem técnica deve ser feito, porém, esse não pode ser o centro das atenções,
pois retira o protagonismo do povo na escolha das formas de desenvolvimento
futuro. Único estado brasileiro que tem a exploração mineral em todas as suas
regiões, Minas Gerais tem todo o seu povo afetado pelo presente dilema. As
eleições de outubro próximo, pela maior proximidade que as Prefeituras guardam
com os efeitos colaterais da mineração, podem ser uma grande oportunidade para
se fazer ouvir a opinião do povo de Minas.
Penso que é tão-somente de Educação que o Brasil necessita. Nada no nosso país dará certo, como nunca deram, simplesmente porque a Educação não é tratada como prioridade máxima pelos nossos governantes. De nada vale campanhas para isso ou para aquilo, elas só servirão, fazendo uma alusão por meio de metáforas de cunho popular, para tapar buraco de estrada ou o sol com a peneira. Todos os países que chegaram ao topo precisaram investir pesadamente na Educação. Vou dar um exemplo de que as coisas nunca deram certo no Brasil, fato este observado pelo pensador Millor Fernandes, que inclusive teve uma das atitudes mais notáveis de bom-caratismo ao recusar uma milionária indenização e pensão vitalícia como perseguido político e, de quebra, numa demonstração de rara inteligência, indagou "quer dizer que aquilo que era ideologia, virou investimento?" em que ele, Millôr, se perguntou sobre a construção de Brasília, "como construir uma cidade em 5 anos?" ”Somente corrompendo tudo e a todos”, foi a resposta que ele deu. O Brasil sempre foi um país em que a corrupção existiu desde o início em larga escala, atingiu o seu ápice no governo JK e está a todo vapor corroendo a vida nacional nos tempos atuais. Acabará? Sem que se eduque o seu povo: NUNCA. Todas essas campanhas e marchas - Belo Monte, fim da violência, fim da corrupção, fim da maioridade penal, etc. e bota etc. nisso! - de nada servirão nem para nós e nem para as futuras gerações, simplesmente, como já foi mencionado, porque a Educação é deixada para o último plano. De que adianta uma caneta de ouro para quem mal sabe escrever? Se estamos bem financeiramente, é porque somos expotradores de matéria-prima, temos o ouro e não sabemos fazer a caneta. Ser exportador de matéria-prima só serve para mostrar a nossa falta de competência e, portanto, falta de preparo técnico-científico (Educação). A Alemanha arrecada muito mais dinheiro com o café do que nós que o temos em abundância e lá, na Alemanha, não nasce um pé de café sequer. A venda do minério de Minas para a China e essa taxa absurda de juros que o povo paga são os responsáveis pelo nosso pseudo- crescimento. Brasília não produz um parafuso e tem a maior renda per capita do Brasil, é, enfim, o paraíso dos funcionários públicos. É justo? Acho que estou sendo demasiado, embora razões não me faltem para pedir que lute pela causa da educação, pois só ela poderá ser capaz de nos tirar deste imenso e perigoso atoleiro em que nos metemos. Eu não culpo somente à classe política, responsabilizo também os nossos intelectuais, a mídia, empresários, a falta de tato dos que conduzem a área da educação no Brasil, a gente do povo, etc. por todo o nosso atraso. O nosso mal está e sempre esteve em não enxergarmos esta grande verdade: SEM EDUCAÇÃO ESTAREMOS SEMPRE METENDO OS PÉS PELAS MÃOS. Caso eu esteja equivocado em algum ponto, e posso estar, admito, errar é humano, nasci no Brasil, não recebi uma educação de primeira, mas, por favor, mostre-me alguma razão para que se possa deixar de não crer em toda e qualquer tentativa de avanço, enquanto a Educação não for priorizada. Obrigado pela atenção.
ResponderExcluirJosé Edward Guedes – Aposentado, casado, 60 anos, aprendiz de poeta, de contista, de cronista e de editor de vídeos, www.escritosevideos.blogspot.com.br
Prezado José Edward,
ResponderExcluirAgradeço por seu comentário. Como professor que sou, concordo inteiramente com seu argumento. Inclusive, um dos objetivos desse pequeno blog é o de atrair a atenção dos mais jovens para os acontecimentos de nosso país, torna-los interessados no que ocorre em seu entorno e, com isso, fomentar o debate. Acredito que, fatalmente, essas considerações levarão o leitor a reconhecer a importância que a educação tem para nosso país. Pode parecer pouco - e, de fato, é pouco - mas não deixa de ser um ponto de partida; se as iniciativas não surgem dos governos, então que venham da sociedade.
Um abraço,
Paulo Diniz