por Paulo Diniz
(publicado na edição de 11/08/2013 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais - e na edição de 22/08/2013 da Tribuna de Minas - Juiz de Fora, Minas Gerais)
Ofuscada pela
onda de protestos em junho, e depois pela volta das articulações para a
campanha presidencial de 2014,
a disputa pelo Governo de Minas começa agora a se fazer
visível. O que chama a atenção não são mais as dissensões no campo
oposicionista, já que parece haver consenso em torno do petista Fernando
Pimentel, mas sim a definição do candidato na seara governista.
Até
recentemente, esse tema não vinha despertando grandes polêmicas: afinal, o
atual governo estadual goza de altos índices de aprovação popular e, o que é
crucial, do apoio expresso da maioria dos prefeitos mineiros. Fruto de uma
política massiva de investimentos em todas as regiões do estado, a capilaridade
do apoio ao governo tucano constitui uma base eleitoral valiosíssima, que torna
qualquer candidato oficialista favorito na disputa pelo Palácio da Liberdade.
Escolher o candidato não deveria ser problema, mas deve-se destacar,
entretanto, que alguns temas de amplitude nacional tendem agora a complicar
essa dinâmica.
Vários nomes
vem sendo publicamente aventados como pré-candidatos, sem que nenhum tenha
alcançado consenso. O vice-governador Alberto Pinto Coelho tem sido um dos
nomes mais lembrados, em parte pelo posto que ocupa, mas principalmente por
contar com uma ampla rede de alianças no Interior mineiro. Mais de uma vez, o
Senador Aécio Neves declarou apoio a Pinto Coelho, mas é bom atentar a um
detalhe: sempre o fez no contexto das negociações pelo apoio do PP nacional
para a disputa presidencial de 2014. Essas discussões parecem estar vinculadas,
e por enquanto, o PP nacional não dá sinais de se afastar da base de Dilma
Rousseff.
No mesmo
sentido transita a candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Márcio
Lacerda. Pressionado primeiro por tucanos, e depois pela liderança
nacional de seu partido, Lacerda já não nega mais a possibilidade de disputar o
Governo do Estado, o que já significa muito: afeito ao suspense, o prefeito da
capital provavelmente só revelará seus planos no último momento. Claro é,
entretanto, que sua candidatura em parceria com o PSDB poderia desempenhar um
papel crucial para selar a chapa de Aécio Neves e Eduardo Campos para a
Presidência da República no ano que vem. Assim, o PSB de Campos cederia o
protagonismo nacional ao PSDB, e em troca, receberia o apoio determinante dos
tucanos na disputa pelo comando de um dos estados mais importantes da
federação. A mudança recente na direção do PSB mineiro, agora sob o comando do
deputado Julio Delgado, é sinal de que os caminhos políticos foram desimpedidos
para tal ação.
Conciliar
essas duas linhas de raciocínio, a que envolve Alberto Pinto Coelho e a que
envolve Márcio Lacerda, constitui o atual desafio dos estrategistas políticos
do PSDB mineiro. Certo é que os pré-candidatos do próprio PSDB não têm como
agregar vantagens equivalentes àquelas que podem trazer Pinto Coelho e Márcio
Lacerda: a atração de votos e a consolidação de novas alianças, que viabilizem
a plataforma nacional de Aécio Neves no ano que vem.
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