por Paulo Ricardo Diniz Filho
publicado na edição de 25/07/2023 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais
Os conceitos de presente e de futuro se tornaram
bem confusos na modernidade ultra-acelerada na qual vivemos. Planejamento,
previdência, provisionamento e ansiedade nervosa se fundiram em um bloco só –
que atingiu em cheio a mais humana das atividades, a política.
Há pouco mais de dois meses, nessa coluna, apontei que
a campanha eleitoral de 2024 para a Prefeitura de Belo Horizonte já tinha nomes,
grupos e uma dinâmica própria em andamento – como se já estivessem próximas as
convenções partidárias. Carlos Viana e Bruno Engler polarizavam o quadro,
enquanto Duda Salabert e Gabriel Azevedo testavam posturas eleitorais de quando
em vez.
Com esses quatro nomes em voga, já havia
personagens e conteúdo suficiente para uma grande trama eleitoral. O futuro,
então, havia sido antecipado e começava a acontecer.
Porém, o futuro virou passado em poucas semanas, e
agora se desenha um quadro bem mais complexo na disputa pelo comando da capital
mineira – não só pela quantidade de personagens que surgiram, como também pela
densidade política desses novos nomes.
Fuad Noman, atual prefeito de Belo Horizonte, vinha
se mantendo em um grau de discrição que beirava a apatia política, mesmo
enquanto outros já cobiçavam abertamente sua posição. Era razoável pensar, até
mesmo, que Noman não deveria disputar a reeleição – afinal, o comandante da
máquina pública precisa de muito pouco para se manter em evidência, e ainda
assim, o atual prefeito pouco fazia para se mostrar. Agora, esse quadro mudou,
e Fuad se tornou figura fácil nos meios de comunicação. Mais do que isso,
passou a falar como protagonista de propostas e soluções para a cidade – um
requisito indispensável para quem pretende passar pelo teste das urnas.
Outro nome que ressurgiu com força é o de João
Leite, que conta com três campanhas municipais anteriores como reforço natural
de sua imagem. Derrotado no segundo turno em 2000 e em 2016, João Leite já
mostrou ser capaz de ganhar muitos votos e de incorporar as esperanças dos
eleitores – peca pela falta de algum detalhe, nos momentos finais da disputa.
Em um ambiente político já desgastado pelos extremismos, o perfil sóbrio de
Leite pode ser exatamente o que procura o belorizontino em 2024.
Por fim, chama atenção a movimentação virtual
intensa que assumiu o ex-vice-governador Paulo Brant, agora filiado ao PSB.
Caso siga no ritmo atual, Brant terá estrutura partidária e um histórico de
equilíbrio político a seu favor, o que pode ser valioso se a rejeição ao
extremismo político tiver peso em 2024.
Com sete postulantes viáveis, a disputa pela
Prefeitura de Belo Horizonte se tornou imprevisível. Para cada corrente ou
estilo político, haveria no mínimo dois candidatos dividindo o mesmo espaço –
isso, para não mencionar o usual conflito entre perfis distintos. A quantidade
de variáveis em jogo é tamanha, que qualquer prognóstico que se faça hoje não
passa de placebo contra a ansiedade.
Um novo futuro se desenhou, sem dar chance para que
as previsões anteriores se concretizassem.
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