por Paulo Diniz
(publicado na edição de 14/05/2013 do Correio do Sul - Varginha, Minas Gerais - e na edição de 30/05/2013 da Tribuna de Minas - Juiz de Fora, Minas Gerais)
Durante os
últimos meses, o governador pernambucano Eduardo Campos tem sido visto como
figura-chave das articulações pré-eleitorais que agitam a política nacional.
Surgindo no primeiro plano como “vice perfeito” da oposição e “aliado
indispensável” do governo, Campos abandonou a posição de cobiçável para
defender o papel de protagonista de uma chapa própria, liderada pelo partido
que preside, o PSB. Apesar de despertar, com seus movimentos no tabuleiro da
política, esperanças em várias correntes políticas e lideranças regionais, é
preciso tratar com cautela tais arroubos de Campos.
A favor de
Eduardo Campos conta um dos acontecimentos mais notáveis do contexto partidário
nacional recente: o crescimento vertiginoso do PSB, que hoje é o partido que
comanda o maior número de capitais do Brasil, e o segundo que mais elegeu
governadores em 2010. Porém, tal situação guarda peculiaridades: o crescimento
do partido foi concentrado no Nordeste, o que se percebe pelo fato de que
quatro, dos seis governadores eleitos pelo partido, se encontram nessa região.
Dessa maneira, a própria distribuição do poder de Eduardo Campos exerce certa
determinação sobre sua trajetória futura: como liderança regional, seria um
tanto difícil buscar um projeto nacional, como a candidatura própria à
Presidência. Ao mesmo tempo, a força de Campos no Nordeste o torna capaz de
ameaçar o PT justamente onde esse tem conquistado suas mais amplas maiorias nas
últimas eleições nacionais. Assim, as condições estruturais são amplamente
favoráveis para que o governador pernambucano ocupe lugar decisivo na
estratégia da oposição para reconquistar o Planalto, uma posição mais
interessante do que o papel de “franco-atirador” na campanha de 2014.
Outra dimensão
essencial a ser considerada é a da montagem do futuro governo. Como já ocorre,
o PSB se tornou grande demais para ocupar posições periféricas na estrutura do
Governo Federal, de forma que foram várias as disputas por espaços
institucionais durante o governo de Dilma Rousseff. Não há solução em vista
para tal problema, principalmente em um governo que se aproxima da incrível marca
de 40 ministérios. Junto à oposição, entretanto, o PSB automaticamente ocuparia
o lugar de segunda força, tanto pela importância crucial de seu apoio no
contexto eleitoral, quanto pelo fato de que nenhum dos atuais aliados do PSDB
apresenta peso político comparável ao do partido liderado por Eduardo Campos.
Nesse sentido, o governador pernambucano tem poucos incentivos para permanecer
na coalizão petista, ou mesmo para arriscar uma aventura solitária.
Certamente, a
política não é uma ciência exata. Porém, os personagens que a povoam se
movimentam de acordo com uma lógica relativamente simples: buscam melhorar suas
posições atuais, evitando riscos desnecessários e o desperdício de recursos e
esforços. Pensando assim, fica claro que Eduardo Campos não tem mistérios a
esconder no campo da política: será mesmo candidato a vice-presidente na chapa
de oposição em 2014.
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